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O Papa Francisco e o uso das redes sociais

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Samuel Gutiérrez - Catalunya Cristiana - publicado em 25/11/13
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Antes de ser eleito Papa, Francisco não usava nem celular, mas agora já aderiu às mídias sociais, para poder ter mais contato com as pessoasBento XVI foi o primeiro papa da história a usar o Twitter. E o Papa Francisco tem aproveitado o universo digital para se aproximar das pessoas e evangelizar. Os "culpados" por esta revolução digital no Vaticano são Gustavo Entrala e Carlos García-Hoz, da agência de publicidade "101", responsáveis pelo site News.va, pelo aplicativo "The Pope" e pela conta do Papa no Twitter, @Pontifex.
 
Nesta entrevista a Catalunya Cristiana, Gustavo Entrala explica que "estamos em um processo de trabalho com a Santa Sé, para que se possa interpretar o que as pessoas estão dizendo ao Papa no Twitter. Gostaríamos de ter uma visão sobre que mensagens do Papa têm mais eco, que críticas ele recebe, que críticas a Igreja recebe. Se não nos comunicamos em um âmbito de diálogo, não seremos eficazes".
 
O Papa Francisco não tinha sequer um celular quando era arcebispo de Buenos Aires. Foi difícil convencê-lo a entrar no mundo digital?
 
Quando Bento XVI renunciou, ninguém sabia se o novo papa continuaria usando o Twitter. A ideia era conversar com ele, dois ou três dias depois da sua eleição, para dizer-lhe que havia 3 milhões de pessoas esperando por ele no Twitter e que, se quisesse, poderia usar esse canal.
 
O Papa Francisco aceitou continuar postando mensagem no Twitter; ele começou escrevendo uma mensagem às quartas-feiras e outra aos domingos, coincidindo com as audiências e os Ângelus.
 
Pouco a pouco, ele foi entendendo melhor o fenômeno e suas enormes possibilidades. E gostou muito do fato de poder dirigir-se a mais de 10 milhões de pessoas com uma frase muito concisa.
 
Por isso, agora ele escreve praticamente todos os dias. Metade das mensagens são suas, escritas de próprio punho, e metade são frases extraídas das homilias em Santa Marta, do Ângelus ou da audiência das quartas-feiras.
 
A ideia é que seus seguidores, todos os dias, recebam uma mensagem inspiradora.
 
Uma mensagem de apenas 140 caracteres…
 
As pessoas, hoje em dia, não têm muito tempo para consumir o que a mídia oferece. Por isso, a comunicação, para ser efetiva, precisa ser muito sintética, quase em forma de manchetes apenas.
 
A comunicação da Igreja tem de se adaptar a esta nova situação. A maioria das pessoas não tem tempo para ler uma encíclica do Papa. Por isso, é preciso fazer de cada mensagem uma visão muito sintética, para que as pessoas captem. O Santo Padre entendeu muito bem isso.
 
Mensagens tão curtas podem ser profundas?
 
Síntese e concisão não significam necessariamente que a mensagem seja fraca ou superficial. O que o Papa diz no Twitter é sempre profundo, algo que interpela, que faz pensar.
 
Eu, como publicitário, reconheço que não há nada como uma mensagem breve, concisa e clara, para que a memória a retenha e haja uma influência real na vida. Por isso, a comunicação baseada em frases curtas é tão efetiva, porque condensamos muita coisa em um pequeno espaço.
 
Que outras características fazem de Francisco um bom comunicador no mundo digital?
 
O Papa Francisco é também muito gestual, muito próximo das pessoas, e suas imagens se espalham com muita facilidade por meio das redes sociais. Atualmente, toda a comunicação está orientada a gestos e momentos concretos.
 
Fora o número espetacular de seguidores, como o Papa interage nas redes sociais?
 
Estamos em um processo de trabalho com a Santa Sé, para que se possa interpretar o que as pessoas estão dizendo ao Papa no Twitter. Gostaríamos de ter uma visão sobre que mensagens do Papa têm mais eco, que críticas ele recebe, que críticas a Igreja recebe. Se não nos comunicamos em um âmbito de diálogo, não seremos eficazes.
 
Mas é possível dialogar nas redes sociais?
 
Os profissionais da comunicação digital dedicaram muito tempo a difundir a ideia do diálogo por meio das redes sociais, mas é verdade que isso ainda não está tão claro.
 
O Twitter, por exemplo, é um grande mercado de ideias e conteúdos, mas a virtualidade e brevidade das mensagens torna muito difícil um verdadeiro diálogo humano.
 
Ao mesmo tempo, a própria natureza do meio convida à controversa. Como você não vê a outra pessoa, não a escuta e não está por dentro das suas circunstâncias, a comunicação pode parecer uma partida de ping-pong, sem muito sentido.
 
Não concebo as redes sociais como lugar para gerar relações reais. Mas o que é possível, sim, é conhecer pessoas nas redes sociais, pessoas com as quais depois começamos uma relação pessoal.
 
(A entrevista completa foi publicada pelo jornal Catalunya Cristiana)

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