"Se bem que até agora não fui teu amigo, quando eu partir, me deixarás entrar? Meu Deus, eu irei... será difícil regressar"
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Não existe algo que tenha feito mais mal às pessoas do que os regimes totalitários de caráter comunista. O primeiro objetivo ideológico desses regimes era arrancar a esperança do coração das pessoas. Os grandes ditadores tentavam matar a alma de seu povo, atacando a cultura, a educação e, sobretudo, a sua fé. Desta maneira, o sujeito poderia dissolver-se facilmente na coletividade da máquina estatal. A China, Coreia do Norte e URSS são apenas alguns exemplos que podemos elencar.
Apesar da perseguição cristã e da educação ateísta que vigorava na União Soviética, muitos fiéis se colocavam aos pés da Virgem de Kazán e permaneciam firmes em sua fé.
“A fé não exime da morte, mas a alivia com a esperança”
O pregador da Casa Pontifícia, o Frei Raniero Cantalamessa, recordou, em uma de suas homilias, o testemunho de conversão, perante o sofrimento, de um soldado soviético. “A fé não exime os crentes da angústia de ter que morrer, mas a alivia com a esperança”, afirmou o padre capuchinho.
Neste tempo do Advento que se inicia, vale a pena falar de Esperança. Ainda mais a partir deste testemunho concreto que foi publicado em 1972 numa revista clandestina, a partir da oração encontrada no bolso da farda de um soldado soviético chamado Aleksander Zacepa. O militar, não conhecendo a Deus, fala com Ele poucas horas antes da batalha na qual morreria.
Esperança: “agora a morte não me dá medo”
Esta é a carta de Aleksander, na íntegra:
Escuta, ó Deus! Em minha vida não falei nenhuma vez contigo,
mas hoje me dá vontade de fazer uma festa.
Desde pequeno me disseram que Tu não existes…
E eu, como um idiota, acreditei.
Nunca contemplei tuas obras,
mas esta noite, dentro de uma cratera feita por uma granada,
vi o céu cheio de estrelas e fiquei fascinado por seu resplendor.
Nesse instante compreendi como é terrível o engano.
Não sei, ó Deus, se me darás tua mão,
mas te digo que Tu me entendes…
Não é algo incrível que em meio a um inferno tenebroso
me tenha aparecido a luz e te tenhas descoberto?
Não tenho nada mais que dizer-te.
Sinto-me feliz, pois te conheci.
À meia-noite temos que atacar,
mas não tenho medo,
Tu nos olhas.
Deram o sinal!
Tenho que ir.
Que bom se estiver contigo!
Quero dizer-te, e Tu sabes, que a batalha será dura:
Talvez esta noite eu vá bater à tua porta.
Se bem que até agora não fui teu amigo,
quando eu partir, me deixarás entrar?
Meu Deus, eu irei… será difícil regressar.
Mas, o que me acontece? Choro?
Meu Deus, olha o que me aconteceu.
Somente agora comecei a ver com clareza…
Que incrível, agora a morte não me dá medo.