Fomos feitos para a verdade, para a bondade e para a beleza, que só podem ser realizadas plenamente em DeusEu dormi muito bem no domingo à noite e, por isso, comecei a semana de bom humor.
Um dos meus livros de cabeceira é "The Classical Tradition in Poetry", de Gilbert Murray. Ontem à noite eu estava lendo o relato de Murray sobre as origens religiosas da poesia no antigo mundo mediterrâneo. Coisas fascinantes.
Qual é a diferença entre essas duas experiências, dormir e ler?
É a diferença entre o prazer e a alegria. O prazer é um sentimento. É a resposta física e emocional que experimentamos sempre que participamos de algo que consideramos bom. É agradável deitar, dormir e sonhar durante sete horas ininterruptas. Quem vai discordar disso ?
A alegria, no entanto, não é essencialmente uma resposta física ou emocional. A alegria é uma resposta intelectual e, portanto, é mais característica de nossa natureza racional do que o prazer. O objeto da alegria não é só algo que consideramos bom, mas algo bom tanto para o nosso intelecto quanto para a nossa vontade. Verdade, bondade e beleza: é isso que a nossa natureza racional busca. E a profunda satisfação que experimentamos quando obtemos isso é uma experiência mais espiritual do que o prazer que sentimos ao dormir ou comer.
O prazer e a alegria podem vir juntos. Um bom jantar pode trazer com ele o prazer gustativo, e a conversa à mesa pode satisfazer nossos anseios racionais de verdade e amizade. Os animais foram feitos para comer, mas os seres humanos foram feitos para jantar.
A alegria é o conceito que o Papa Francisco quer tanto nos ensinar. Porque ele tem medo de que o mundo em que vivemos esteja embotando nossa capacidade de experimentar a alegria. No início de sua recente exortação apostólica "Evangelii gaudium" ("A alegria do Evangelho"), Francisco diz (citando seu predecessor , Paulo VI):
“A tentação apresenta-se, frequentemente, sob forma de desculpas e queixas, como se tivesse de haver inúmeras condições para ser possível a alegria. Habitualmente isto acontece porque 'a sociedade técnica teve a possibilidade de multiplicar as ocasiões de prazer; no entanto, ela encontra dificuldades grandes no engendrar também a alegria'.”
Então, onde vamos encontrar a alegria? Mais uma vez, vamos encontrá-la na verdade, na bondade e na beleza, mas acima de tudo na verdade, na autêntica união da nossa mente com a realidade. Santo Agostinho define a felicidade como "gaudium de veritate": alegria na verdade. A felicidade, então, é encontrada quando conhecemos a verdade sobre Deus.
E a maior verdade que podemos saber sobre Deus, escreve Francisco, é que somos infinitamente amados por Ele:
“Há cristãos que parecem ter escolhido viver uma Quaresma sem Páscoa. Reconheço, porém, que a alegria não se vive da mesma maneira em todas as etapas e circunstâncias da vida, por vezes muito duras. Adapta-se e transforma-se, mas sempre permanece pelo menos como um feixe de luz que nasce da certeza pessoal de, não obstante o contrário, sermos infinitamente amados. Compreendo as pessoas que se vergam à tristeza por causa das graves dificuldades que têm de suportar, mas aos poucos é preciso permitir que a alegria da fé comece a despertar, como uma secreta mas firme confiança, mesmo no meio das piores angústias: 'A paz foi desterrada da minha alma, já nem sei o que é a felicidade (…). Isto, porém, guardo no meu coração; por isso, mantenho a esperança. É que a misericórdia do Senhor não acaba, não se esgota a sua compaixão. Cada manhã ela se renova; é grande a tua fidelidade. (…) Bom é esperar em silêncio a salvação do Senhor' (Lm 3, 17.21-23.26)."
Você por acaso se esqueceu do que é a felicidade?
Apesar de ela às vezes ser apenas "um feixe de luz", como você está vivenciando a alegria hoje?
Você esqueceu o que é felicidade?
Daniel McInerny - publicado em 10/12/13
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