O juízo não se decide no último dia, mas em cada momento; ele é pronunciado a cada instante da vida, como reflexo da nossa fé ou incredulidadeA Praça São Pedro ficou lotada esta manhã para a audiência geral com o Papa Francisco.
Apesar do frio de cinco graus na capital italiana, a grande quantidade de fiéis impede que a audiência se realize na Sala Paulo VI, como é costume nesta época do ano. Antes de dirigir suas palavras à multidão, o Pontífice percorreu toda a Praça, a bordo do seu papamóvel, para receber e retribuir o carinho dos peregrinos.
Nesta quarta-feira, o Papa iniciou a última série de catequeses sobre a nossa profissão de fé, analisando a afirmação “Creio na vida eterna”. De modo especial, Francisco se concentrou no Juízo final, quando o regresso de Cristo evidenciará o bem que cada um realizou ou omitiu durante a sua vida terrena. Este momento provoca em nós medo e até mesmo inquietação.
Porém, disse o Santo Padre, se refletirmos bem, o Juízo final pode constituir um grande motivo de consolação e de confiança, como acontecia nas primeiras comunidades cristãs. Elas terminavam suas orações com a súplica «Maranathà – Vinde, Senhor!». No final do livro do Apocalipse, essa palavra aparece nos lábios da Igreja-esposa, que não vê a hora de abraçar o seu esposo, Cristo, plenitude de vida e de amor.
Se pensarmos no Juízo nesta perspectiva, todo medo e titubeio desaparece e deixa espaço para a espera e para uma profunda alegria, pois será justamente o momento em que seremos julgados finalmente prontos para sermos revestidos da glória de Cristo.
Um segundo motivo de confiança nos é oferecido pela constatação de que, no momento do Juízo, não seremos abandonados. O Apóstolo Paulo afirma que os santos julgarão o mundo.
“Que belo saber que naquele momento, além de Cristo, poderemos contar com a intercessão e com a benevolência de muitos nossos irmãos e irmãs maiores que nos precederam no caminho da fé, que ofereceram sua vida por nós e que continuam a nos amar de modo indizível! Quanta consolação suscita no nosso coração esta certeza! A Igreja é realmente uma mãe e, como tal, quer o bem dos seus filhos, sobretudo dos mais distantes e aflitos, até encontrar a sua plenitude no corpo glorioso de Cristo com todos os seus membros.”
Por fim, o Pontífice citou o Evangelho de João, quando diz que “quem crê em Jesus não é condenado, mas quem não crê já está condenado por não crer no Filho Unigênito de Deus”.
“Isso significa que o Juízo não se decide no último dia, mas já está em ato, no decorrer da nossa existência”, explicou Francisco. Ele é pronunciado a cada instante da vida, como reflexo da fé ou da nossa incredulidade, que nos leva ao fechamento em nós mesmos. “Mas se nós nos fechamos ao amor de Jesus, somos nós mesmos que nos condenamos! Somos condenados por nós mesmos! A salvação é abrir-se a Jesus e Ele nos salva.”
Aqui entra em jogo a nossa responsabilidade, concluiu Francisco. “Somos nós, portanto, que podemos nos tornar juízes de nós mesmos, nos autocondenando à exclusão da comunhão com Deus e com os irmãos. Jamais nos cansemos, portanto, de vigiar sobre os nossos pensamentos e nossas atitudes, para saborear desde já o calor e o esplendor da face de Deus, que na vida eterna contemplaremos em toda a sua plenitude.”
(Com Rádio Vaticano)