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A revista Time entendeu errado

Daniel McInerny - Aleteia Vaticano - publicado em 17/12/13

A revista escolheu o papa Francisco como Personalidade do Ano 2013. Mas será que a escolha se baseou nos motivos certos?

A revista Time entendeu errado.

Não ao escolher o papa Francisco como a Personalidade do Ano de 2013. A escolha foi perfeita. Na minha opinião, foi óbvia, inclusive.

O que a Time entendeu errado foram as razões para escolher Francisco.

"O que torna este papa tão importante", afirma a revista, "é a rapidez com que ele tem conquistado milhões de pessoas que tinham desistido da Igreja de vez". Eu sinceramente espero que Francisco tenha mesmo conquistado esses milhões de pessoas. Mas por que será que a Time acha que esses milhões de pessoas foram conquistados pelo papa?

"Gente cansada de análises intermináveis sobre ética sexual, de lutas internas entre autoridades, enquanto, o tempo todo, ‘as ovelhas passavam fome e não eram alimentadas’. Em questão de meses, Francisco elevou a missão consoladora da Igreja –e falar da Igreja como serva e consoladora de pessoas que machucaram outras pessoas é muitas vezes cruel- e a levou além do trabalho de policiamento doutrinal que era tão caro aos seus recentes antecessores".

É verdade. Francisco mostrou ao mundo o que significa viver com o fervor evangélico de um apóstolo de Jesus Cristo (não que os seus ilustres antecessores não vivessem; eu não ficaria surpreso, aliás, se os três, João Paulo II, Bento XVI e Francisco, acabassem sendo canonizados).

Mas é que Francisco transmitiu uma imagem particularmente impactante, com sinceridade comovente, com uma combinação de profunda vida interior e de caridade em ação que os doutores da Igreja proclamaram como o ideal da vida cristã (para aprofundar nisto, leia “A alma de todo apostolado”, clássico livro da espiritualidade católica escrito por Dom Chautard).

Mas a Time optou por enxergar Francisco como alguém que vai além do "trabalho de policiamento doutrinal", além das "guerras culturais". Como se Francisco estivesse nos levando "além" do ensino magistral de João Paulo II e de Bento XVI.

É absurdo.

A Time também fez uma leitura errada sobre as recentes observações de Francisco no tocante à homossexualidade. Ela distorceu as declarações de Francisco sobre divorciados e recasados católicos que recebem a comunhão.

Não vem ao caso refutar a Time ponto por ponto neste texto. Eu quero apenas observar que aquilo que a Time fez com Francisco é a mesma coisa que nós -todos nós- fazemos muitas vezes com Cristo: pintá-lo de acordo com a nossa própria imagem.

Francisco está tentando nos levar para além de categorias obsoletas. Mas essas categorias não incluem a doutrina moral da Igreja católica. As categorias que Francisco quer nos ajudar a superar são aqueles que tentam reduzir o Corpo Místico de Cristo, a Igreja, a uma construção humana que se encaixa confortavelmente na nossa visão cada vez mais laica de como o mundo deveria ser.

Eu fico feliz de que a Time tenha escolhido o papa Francisco como Homem do Ano. Mas espero e rezo para que essa “bolha de mídia” seja uma oportunidade para as pessoas enxergarem toda a realidade de Francisco. E para verem, mesmo que através de uma lente bonita, mas ainda assim imperfeita, a realidade completa de Cristo.

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