separateurCreated with Sketch.

Francisco dá carona a um sacerdote no papamóvel: “Venha, suba!”

whatsappfacebooktwitter-xemailnative
Aleteia Vaticano - publicado em 13/01/14
whatsappfacebooktwitter-xemailnative

O Vatican Insider entrevista o padre argentino Fabián Báez, que o papa Francisco avistou em meio à multidão na Praça de São Pedro e chamou para entrar no papamóvelAndrés Beltramo Álvarez

"Venha, suba!". Bastaram essas duas palavras para surpreender um velho conhecido que o papa Francisco avistou no meio do mar de rostos presentes na Praça de São Pedro na audiência geral da última quarta-feira. O rosto familiar era o do pe. Fabián Báez, vindo da tão amada Buenos Aires de Francisco. Sem pensar duas vezes, o papa convidou o sacerdote a subir a bordo do papamóvel e ele aceitou sem hesitação. "Essa foto vai dar a volta ao mundo", disse Francisco, rindo.

E deu. A mídia internacional descreveu o gesto como mais um dos exemplos de proximidade do papa Francisco. O que muitos não sabem é o que o papa sussurrou no ouvido do sacerdote quando os dois se abraçaram: "Como isso é divertido!". O pe. Báez conta ao Vatican Insider os detalhes daquele passeio de carro pela Praça de São Pedro.

Como foi que aconteceu o seu encontro com o papa?

Eu só cheguei a Roma na noite da terça e não tinha como assistir à catequese do papa na quarta de manhã, porque não sabia onde conseguir os ingressos. Fui para a Praça e fiquei atrás das barreiras de controle, esperando pelo menos vê-lo passar no papamóvel. Quando ele foi passando, ele me viu e me reconheceu. Eu gritei bem alto, mas é difícil ser ouvido no meio de tanta gente. Fiquei surpreso com o carinho imenso que as pessoas demonstravam pelo papa. Ele me viu e perguntou: "O que é que você está fazendo aqui?". Eu gritei que tinha vindo vê-lo. O papamóvel parou. Ele me chamou, me fez pular as barreiras e me disse: "Venha, suba!". Eu pensei que ele ia me dar um lugar melhor mais à frente, mas ele disse "Venha, suba no papamóvel!". Eu o cumprimentei, dei um abraço e entrei. Nem conseguia acreditar que aquilo estava acontecendo!

E o que houve logo em seguida?

Ele riu e me disse: "Essa foto vai dar a volta ao mundo!". Eu tinha tido um pouco de dificuldade para saltar a barreira e ele fez uma piada sobre isso também: "Da próxima vez, vamos fazer uma barreira menor". Ele foi muito gentil. Além de me chamar para dentro do veículo, ele pediu que me colocassem num lugar perto dele. E me perguntou: "Você tem que ir logo?", e eu falei que ia ficar até o final. Ele respondeu: "Certo, eu falo com você daqui a pouquinho". E falou. Nós conversamos alguns minutos, ele me perguntou sobre pessoas que nós dois conhecemos e também falamos de algumas coisas pessoais. Eu não tinha visto nem falado com ele desde que ele se tornou papa, por isso foi um momento muito emocionante.

Como é o papa em ação?

Ele surgiu como um homem feliz e de grande fé. Isso realmente me impressiona: o amor e o carinho dele. Ele é mesmo um representante de Cristo, tão bondoso, sereno e humilde. Eu acho que essa é a mensagem dele: “Venha, suba!”. Essa é a mensagem que ele dá ao mundo; foi isso o que eu senti. Eu experimentei um pouco do que ele está fazendo no mundo, chamando as pessoas a levantar os corações e dando esperança para elas. Eu achei que ele está em ótima forma e incrivelmente forte, levando em conta a manhã longa que ele teve. E lá estava ele, cumprimentando todo mundo, incluindo os doentes, um por um, durante duas horas inteiras! Eu estava me sentindo um pouco cansado, mas ele continuava! Ele foi excelente.

Como era a relação de vocês em Buenos Aires?

Ele sempre foi o meu bispo, foi ele que me ordenou padre. Era uma relação típica de bispo e padre, mas especial: ele sempre estava perto das pessoas, você podia falar com ele sobre qualquer coisa. Ele estava junto especialmente nas horas difíceis. Quando o meu pai morreu, por exemplo, ele me ligou imediatamente. Eu sempre o vi como padre. Sim, ele era o bispo e o cardeal, mas ele sempre foi um padre do jeito dele, sempre foi muito afetuoso com as pessoas. Eu tinha esperança de vê-lo aqui, mas nunca imaginei isso.

Bergoglio evoluiu depois que virou papa?

Eu não acho que seja o caso de chamar de evolução. Acho que ele é do mesmo jeito com todo mundo, do jeito que ele era nos círculos de amigos mais próximos. Quando ele estava em ambientes familiares com as pessoas, ele ria e brincava. Ele parecia bem tímido quando falava para grandes multidões ou quando celebrava a missa. Essa era a impressão que eu tinha dele antes: que ele era bem acessível em grupos pequenos ou em particular; ele era divertido, alegre, simples, e era tímido com as multidões.

O que a Argentina traz para a Igreja universal através de Francisco?

Eu não sei, mas posso dizer o que ele está dando para a Argentina. Eu acho que é maravilhoso a Igreja ter um papa que veio "do outro lado do mundo", como ele disse quando foi eleito. Isso mostra o coração universal da Igreja. A Igreja não é uma estrutura marcada pelas lutas de poder, como alguns acham. Se um arcebispo de 76 anos, quase aposentado, de uma diocese do outro lado do mundo fosse assim, ele não teria sido eleito papa. Há, obviamente, outro tipo de racionalidade na Igreja. O que ele traz para a Igreja é a simplicidade dele, a proximidade dele. Isso está claro para todo mundo ver. O papa está ensinando a Argentina sobre a cultura do encontro, do diálogo, de curar as feridas, de não se concentrar nas coisas que nos dividem, mas nas coisas que nos unem. Eu espero sinceramente que nós, argentinos, entendamos isso e superemos as divisões internas que pesam sobre o nosso país. Neste sentido, ele é o sinal de algo novo.

(Vatican Insider)

Newsletter
Você gostou deste artigo? Você gostaria de ler mais artigos como este?

Receba a Aleteia em sua caixa de entrada. É grátis!

Aleteia vive graças às suas doações.

Ajude-nos a continuar nossa missão de compartilhar informações cristãs e belas histórias, apoiando-nos.