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Existe alguma “guerra justa”?

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Manuel Bru - publicado em 17/01/14
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Este ano marca os 100 anos do início da 1ª Guerra MundialEstamos acostumados a ver como, cada vez mais, alguns setores eclesiais mal chamados de “conservadores” (eu os chamaria de liberais) defendem posturas, sobretudo do ponto de vista moral, contrárias à doutrina social daIgreja.
 
Não se costuma falar muito da discordância moral sobre temas sociais, em comparação com a discordância moral em temas bioéticos, e por parte de setores mal chamados de “progressistas” (que no fundo são também liberais). E se este fenômeno está crescendo com o pontificado do Papa Francisco, é porque o problema vem de longe.
 
Por exemplo, há dois anos, houve nos EUA um amplo debate na opinião pública porque um sacerdote católico, o Pe. Miscamble, como historiador, justificou a decisão do presidente Truman de lançar as bombas atômicas de Hiroshima e Nagasaki em 1945, que provocaram 220 mil mortes de inocentes, e milhões de japoneses sofrem suas sequelas até hoje.
 
Para esse sacerdote, lançar as bombas foi “a menos terrível das opções” que Truman teve, e “qualquer pessoa normal em sua situação teria feito isso”. Estes argumentos do Pe. Miscamble não apenas não convencem, senão que acabam sendo, por quem os defende, especialmente escandalosos.
 
Muitos observaram como se trata de um exemplo claro de “consequencialismo”, ou seja, de justificar moralmente uma ação segundo suas consequências, e não segundo sua natureza própria. Esta é uma “armadilha moral” que João Paulo condenou em sua encíclica “Veritatis Splendor”.
 
Já em 1954, Pio XII deixou bem claro que, quando “o uso deste meio acarreta tal extensão de mal, que escapa totalmente do controle do homem, sua utilização deve ser rejeitada como imoral. Aqui já não se trataria da defesa contra a injustiça e da necessária proteção de possessões legítimas, mas do aniquilamento puro e simples de toda vida humana dentro de um raio de ação. Isso não é permitido por razão alguma”.
 
Depois, o magistério de João XXIII, Paulo VI, João Paulo II, Bento XVI e Francisco foram muito além, declarando que, hoje em dia, é praticamente impossível falar de uma guerra justa precisamente porque atualmente é impossível pensar em uma intervenção militar que, sem chegar a repetir o de Hiroshima e Nagasaki, não suponha inevitavelmente uma destruição massiva de vidas.

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