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Aprender de Jesus a relacionar-nos com as pessoas

Fraternal love – pt

© Kolett/SHUTTERSTOCK

Rafael Luciani - publicado em 21/01/14

Ser cristão é muito mais que aceitar um conjunto de crenças: é um jeito de ser

O estilo de Jesus pode ser inspirador para reconstruir espaços de reconciliação que nos devolvam a esperança e nos façam assumir opções de vida que busquem o bem comum.

Seguir o estilo de Jesus supõe uma espiritualidade cristã, não porque o sujeito pertence a uma determinada confissão religiosa, mas porque vive com o mesmo espírito de Jesus e assume sua causa pela humanização – não violenta nem ideológica – da sociedade. É "cristã" porque entende que Jesus é paradigma do jeito como nos relacionamos com Deus (Pai compassivo) e com os outros (como irmãos).

Não podemos falar de tal espiritualidade se não optamos pelo caminho da não violência (Mt 5, 9), se não lutamos a favor da justiça (Mt 5, 10), e não optamos pelos pobres e pelas vítimas (Lc 6, 10), independentemente da sua condição moral ou política, porque em Deus não há distinção de pessoas (Gál 2, 6).

Mas como Jesus conseguiu viver sem excluir os outros ou ser violento? O amor fraterno era sua norma de vida. Isso pode parecer fraqueza para quem está acostumado a exercer a autoridade que lhe vem de um cargo, do dinheiro ou da força.

Mas, vivendo assim, Jesus conseguiu fazer a esperança do seu povo renascer, conseguiu curar os corações cansados e desestabilizar as práticas sociais e políticas estabelecidas que prejudicavam o ser humano. Sua credibilidade e atração vinham da liberdade com que Ele vivia (2 Cor 3, 17).

Isso nos coloca diante de um desafio: querer o bem do outro e apostar na construção de espaços comuns nos quais todos nós possamos conviver. A prática fraterna é construída mediante ações concretas que curam necessidades reais: "tive fome, tive sede, estava nu, doente…" (Mt 25, 42ss). Isso supõe uma conversão em nossa maneira de ver os outros.

O outro não é um simples objeto do nosso dó ou da nossa esmola, e o segredo da fraternidade não está em dar-lhe algo, mas em aproximar-me a torná-lo "próximo": próximo da minha existência, permitindo-lhe entrar no meu espaço e, juntos, criar algo novo.

Podemos estar orando a um deus que não é aquele em quem Jesus acreditou.

Jesus coloca no mesmo nível duas relações fundamentais: amar a Deus, com todo o coração, com toda a alma, com todas as forças (Dt 6, 5) e amar o próximo como a si mesmo (Lev 19, 18). Mas as inverte. A prática do amor que torna o outro próximo de mim, meu próximo, é a condição de possibilidade para encontrar o amor de Deus (Mt 22, 35-40).

Paulo teve muita dificuldade para aprender isso. Na prisão, ele releu a relação que teve com Onésimo. Reconheceu que foi "gerado entre correntes", como escravo; depois aprendeu a "carregá-lo em seu coração", como filho; finalmente, pôde assumi-lo como "irmão querido".

Assumir o outro como irmão é a medida da nossa espiritualidade e a altura da nossa própria humanidade (Mc 12, 28-34).

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