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Família cumpre promessa feita a filho em coma

Familia cumple promesa de vida a hijo en coma – pt

أليتيا

Aleteia Vaticano - publicado em 28/01/14

A experiência de acompanhá-lo durante 31 anos, até o seu falecimento

Paul Cortez recorda como se fosse hoje aquela noite há 31 anos. Ele entrou na UTI do hospital de Riverside (EUA) para encontrar seu filho de 7 anos coberto por cabos e tubos que o mantinham com vida. Os médicos disseram que o menino Mikey não sobreviveria.

Um motorista embriagado tinha batido no carro em que estavam o seu filho e vários familiares. Quatro, entre eles sua mãe, irmão e irmã, foram enviados para outros hospitais. Outros quatro familiares, entre eles o irmão mais velho de Mikey, tinham morrido.

Sem saber o que fazer, Paul Cortez ajoelhou e, com a mão de Mikey na sua, fez uma promessa a Deus: se seu filho sobrevivesse, independente de qual estado, ele sempre estaria ao seu lado. Isso no início soou estranho, ainda que ele fosse um homem profundamente religioso. Cortez nunca tinha pedido um favor aos céus. “Mas era nosso filho”, recordou.

Mikey não voltou a caminhar nem a falar, mas isso não importou para a família. Durante os 31 anos seguintes, eles o criaram em casa e o fizeram participar de qualquer atividade que podia. No Natal, nas férias familiares, nos jogos esportivos, sempre estavam ao seu lado, até a sua morte, no mês passado.

“Pedi a Deus que conduzisse a nossa família”, disse Cortez, com a voz entrecortada pela emoção. “Pedi que nos ajudasse. E Ele o fez”.

A família vivia em Temecula, entre San Diego e Los Angeles. Em março de 1982, era pouco mais que um lugar afastado, entre colinas e vinhedos. A beleza dali foi a razão de Cortez e sua família terem se instalado, havia três anos.

Um dia, Mikey e seus parentes subiram no carro para buscar seu pai e passar a noite fora. Viajavam por uma estrada rural de duas vias, quando um motorista bêbado se chocou de frente com eles. Na época não havia cinto de segurança. Mikey sofreu graves danos cerebrais.

O menino permaneceu em um estado similar ao coma, mas que dura muito mais. Os lesionados podem realizar algumas funções, mas têm consciência muito limitada do seu entorno.

Ainda que Mikey nunca tenha saído desse estado, seu pai estava decidido a dar-lhe a melhor vida possível. Quando Paul Cortez ensinava seus filhos Angelica e Tony a jogar futebol, Mikey estava ao lado, em sua cadeira de rodas.

Os médicos investigavam se o contato visual, as reações e os gestos que Mikey fazia eram simples reflexos ou autênticos comportamentos cognitivos.

O Dr. Paul Vespa, diretor da Unidade de Neurologia da Universidade da Califórnia, disse que em alguns casos, pessoas em estado fundamentalmente vegetativo parecem reconhecer algumas coisas. “Podem interagir em um nível muito básico”, afirmou. Dar-lhes uma vida o mais normal possível, como fez a família de Mikey, provavelmente os ajuda.

Ao longo dos anos, os médicos que duvidaram que Mikey sobreviveria se cansaram de prognosticar quando ele viria a falecer. “Primeiro disseram que era em um dia, depois em três dias, depois em alguns meses… E então levantaram os braços e disseram: quem pode saber?”

Depois de completar 38 anos em 2013, sua saúde começou a se deteriorar. Há oito meses diagnosticaram insuficiência renal em etapa terminal. Ele faleceu cercado por sua família, um dia antes de completar 39 anos.

Logo depois do acidente, 31 anos atrás, ninguém na família tinha ideia de como eles cumpririam a promessa. Mas agora dizem que estariam dispostos a fazer tudo novamente, lutando para dar a Mikey uma vida cheia de significado.

“Deixe-me contar algo” – disse Cortez, fazendo uma pausa quando começava a se emocionar –. Há um ano, ele estava dando uma palestra sobre motoristas embriagados, e veio uma mulher que lhe contou que tinha estudado com Mikey no primário. A mulher contou a Cortez que ao longo dos anos, ela e muitos outros jovens tinham aprendido muito com a mensagem de vida de Mikey. “Nos abraçamos e choramos juntos”, disse o pai.

(Da Associated Press, em associação com Aleteia em espanhol)

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