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Mutilação genital feminina: um problema ainda não resolvido

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Alvaro Real - publicado em 06/02/14

O Dia Internacional da Tolerância Zero contra a Mutilação Genital Feminina recorda que 140 milhões de mulheres ainda passam pela ablação

Hoje, 6 de fevereiro, é o Dia Internacional da Tolerância Zero contra a Mutilação Genital Feminina (MGF), data que recorda uma prática que, como explica a ONG Manos Unidas, "compreende todos os procedimentos que, de forma intencional e por motivos não médicos, alteram ou lesionam os órgãos genitais femininos".

Tais procedimentos não oferecem nenhum benefício à saúde das mulheres e meninas. Podem produzir hemorragias graves e problemas urinários, e mais tarde podem causar cistos, infecções, infertilidade, complicações do parto e aumento do risco de morte do recém-nascido, segundo a ONG, que recorda que cerca de 140 milhões de mulheres e meninas sofrem atualmente consequências da MGF.

Esta é uma prática que ainda ocorre na África, onde há 92 milhões de mulheres e meninas acima dos 10 anos que foram objetos dela. O costume se dá em algum momento entre o nascimento e os 15 anos de idade.

A MGF é uma violação dos direitos humanos das mulheres e meninas. Para poder entender o que uma mulher sofre, apresentamos um pequeno testemunho que aparece no filme "A flor do deserto", uma obra que narra a história da top model internacional e embaixadora especial da ONU na África, Waris Dirie, mostrando seu passo de nômade africada a uma das mulheres mais influentes na denúncia dos maus-tratos femininos, com uma luta especialmente centrada na abolição da MGF, também conhecida como ablação.

leur du désert (Flor do deserto)

"Amo minha mãe, amo minha família e amo a África. Há mais de três mil anos, as famílias acreditam piamente que uma jovem que não passou pela ablação é impura, porque que temos entre as pernas é impuro e deve ser extirpado e fechado depois, como prova de virgindade e virtude.

Na noite de núpcias, o marido pega uma faca ou uma navalha e a corta antes de penetrar sua esposa à força. Se não se faz a ablação em uma mulher, ela não se casa e, por conseguinte, é expulsa da sua aldeia e tratada como uma prostituta. Esta prática continua, apesar de não estar no Alcorão.

É de conhecimento geral que, como consequência desta mutilação, as mulheres ficam doentes, psicológica e fisicamente, para o resto das suas vidas. Estas mesmas mulheres são a espinha dorsal da África. Eu sobrevivi, mas duas das minhas irmãs não. Yasmina morreu de hemorragia depois de ser mutilada e Amina faleceu no parto, com o bebê ainda em seu útero. Até que ponto nosso continente sobreviverá, se este ritual tão selvagem não for abolido?

Existe um ditado no meu país: 'O último camelo da fila caminha tão depressa como o primeiro'. O que acontece com qualquer uma de nós afeta todas as outras.

Quando eu era menina, dizia que não queria ser mulher (para quê?), porque as mulheres sofrem muita dor e infelicidade, mas agora que amadureci, estou orgulhosa de ser o que sou. Pelo bem de todos nós, tentemos mudar o que significa ser uma mulher."

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