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“Você tem que fazer isso”

Sacerdote confesando – pt

© Pascal DELOCHE / GODONG

Carlos Padilla Esteban - publicado em 10/02/14

Reflexões sobre o acompanhamento espiritual

Às vezes, encontro pessoas que parecem ter muito claro o que é preciso fazer. Emanam segurança e é como se me dissessem em cada comento: “O que você tem que fazer é isso”. Tanta segurança assim realmente é um presente para eles. Mas o que me maravilha é que saibam inclusive o que me convém. Talvez isso seja um dom dado por Deus, sei lá.

Pessoalmente, acho difícil ver a vida assim. Tenho minhas certezas e também minhas dúvidas. Aconselho sem pretender que façam exatamente o que eu digo; às vezes vejo as coisas com clareza, mas outras vezes, não. Mas eu jamais diria a uma pessoa: “O que você tem que fazer é isso”. Não sei, são formas de ser, manias, e eu respeito. Mas não é meu estilo.

Talvez eu esteja exagerando, porque há pessoas que esperam que lhes digam isso, para ficar tranquilas e fazer o que precisam fazer sem titubear a cada passo, sem deixar-se levar pelos medos. Talvez assim já não temam equivocar-se, porque, neste caso, quem se equivoca é quem manda, não quem obedece. Alguns inclusive chegam a pensar que o que eu lhes sugiro fazer vem de mim, quando, na verdade, estou apenas assentindo ao que eles querem. Talvez seja sua defesa, sua segurança.

Na verdade, eu não acho que a vida se resolve assim tão facilmente. Normalmente caminhamos entre as luzes e as sombras dos bosques, atravessamos portas que só nos permitem ver uma fresta, lidamos com os perigos da vida e, sobretudo, confiamos.

Sim, confiamos em um Deus que permanece oculto e finge um encontro casual; em um Deus que nos ama e não desce nunca da nossa cruz. É por isso que a cruz chega a ser uma bênção. Porque nela Cristo nos abençoa, porque seu amor se derrama a partir das suas chagas abertas.

Enquanto isso, avançamos lentamente, com perguntas e respostas, decifrando enigmas. Buscamos as pegadas de Deus, um pouco ocultas na vida. Entre sombras. Com medos e dúvidas. Com raios de luz que iluminam a senda, que dão esperança, que mostram o caminho. É a luz da fé, da esperança, do amor, a única luz que nos ajuda a caminhar e esperar.

A vida é assim. Uma luz que irrompe no meio de uma noite de dúvidas. E nossas perguntas nos fazem parar para buscar respostas. A vida é simples. E, ao mesmo tempo, complexa.

A felicidade consiste em saborear a paz que dá saber que percorremos o caminho que Deus quer para nós. Passo a passo, seguindo suas pegadas, fazendo nossos os seus sentimentos, comportando-nos como Ele se comportou, amando como Ele o fez, até a cruz, até a morte. Fazendo que a luz se imponha na noite. Resolvendo dúvidas na luz do amor. Simples assim, complexo assim.

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