O exemplo da renúncia de Bento XVI e a capacidade de decisãoNa vida, precisamos tomar decisões importantes. Temos de optar e escolher. Em tudo, é prudente fazer a vontade de Deus, porque ela dá sentido à vida. Diante de nós se encontram a vida e a morte; o que decidimos é importante, mas isso nem sempre é uma tarefa fácil.
Há alguns dias, a renúncia de Bento XVI cumpriu um ano. Alguns disseram que ele afirmou: "Deus me disse isso". O Senhor fez crescer em seu coração "um desejo absoluto de permanecer a sós com Ele, recolhido em oração". Deus acompanhou seus passos na decisão mais difícil da sua vida.
Não é fácil decidir. Menos ainda quando na decisão entram em jogo muitos fatores, quando tantas pessoas dependem do que decidimos. Decidir quando o caminho parece óbvio é simples. No entanto, tomar decisões quando tudo parece indicar o contrário é um salto de fé.
Na vida religiosa, também é fácil cair na massificação. É preciso ter muita maturidade e autonomia, liberdade interior e espírito de Deus para tomar decisões arriscadas. Como dizia o Pe. Kentenich, "quando não tomamos decisões por nós mesmos, somos nós mesmos a causa de todas as tendências de massificação". Nós nos massificamos quando não decidimos e simplesmente nos deixamos levar pela correnteza, ainda que ela seja boa.
Precisamos tomar decisões todos os dias. Estamos diante da morte ou da vida. O caminho que temos de seguir é o que Deus quer, mas não sabemos muito bem se é Ele quem quer ou se somos nós que desejamos. Então, precisamos escolher uma coisa ou outra.
Optamos inclusive quando não optamos, simplesmente quando deixamos o tempo passar e nossa oportunidade acaba voando. Um dos traços mais característicos do homem atual é sua falta de capacidade pessoal de decisão.
É custoso tomar decisões. Como decidimos? Falamos com Deus, consultamos o Senhor? Decidimos de acordo com o que mais nos convém? Levamos em consideração as outras pessoas, sua felicidade?
Às vezes, decidimos achando que o caminho mais difícil é certamente o que Deus quer. Mas nem sempre é assim. É difícil acertar.
Ao mesmo tempo, uma vez tomada a decisão, pode ser difícil levá-la à prática. É um ato de vontade, do coração que se compromete com a vida. Como dizia o monge beneditino Menapace, "é muito custoso entender que a vida e a maneira como a vivemos dependem de nós, dependem da nossa força de vontade. Se eu não gosto da vida que levo, preciso desenvolver as estratégias para mudá-la, mas está na minha vontade o poder de fazer isso".
De nós depende tomar decisões importantes e também as que não importam tanto. Mas inclusive estas últimas, aparentemente pouco transcendentes, vão marcando o nosso caminho.
Seguir Deus, escutar sua voz, obedecer seus desejos. Parece fácil. É optar pela vida e deixar a morte de lado. Para isso, precisamos olhar para o nosso coração, beber da fonte que brota da alma. Amar o que Deus ama em nós. São Francisco de Sales aconselhava: "Preocupe-se por amar a vontade de Deus não porque ela está de acordo com a sua, mas, ao contrário, ame a sua vontade somente porque ela corresponde à de Deus".
Amar sua vontade é o caminho. Precisamos deter os passos e fazer silêncio. Como dizia Eloy Sánchez Rosillo: "Olhe para dentro de você com esperança, sem melancolia. A luz do coração não conhece a morte". Amar esse Deus que habita no profundo da alma.
Às vezes, o caminho que Ele nos indica não coincide com nossos desejos. Mas Deus fará que amemos o que Ele ama. Assim nasce a capacidade de ver o lado bom da vida, de apreciar a beleza em meio ao pó, a alegria nos momentos de dor.
Como tomar decisões?
Carlos Padilla Esteban - publicado em 17/02/14
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