Vivemos em um mundo sem esperança porque mergulhamos no mar da indiferençaÀ vezes confundimos a noção de esperança com a fuga ou negação da realidade, Mas a esperança é, sobretudo, esperança na justiça: sem a justiça, a esperança se torna uma ilusão; e sem a esperança, a justiça perde toda a sua capacidade de renovar-se.
A esperança não é resultado de um estado emocional ou a projeção dos nossos bons propósitos. Precisamos reconhecer que todos nós esperamos uma mudança na nossa situação atual; para além das tendências políticas ou religiosas, todos ansiamos por uma transformação.
Mas a esperança considerada unicamente como a possibilidade de uma mudança ou uma ação repentina de um líder, de um sistema político ou religioso nos afunda no desespero.
A esperança não pode ser decretada nem imposta. Ela nos motiva a buscar e a construir a justiça – que, evidentemente, não é diretamente equiparável ao nosso sistema jurídico, ou seja, a justiça tem sua expressão em um código jurídico e em suas instituições, mas é muito mais que sua expressão legal, porque sua finalidade é proteger a diferença e garantir que esta exista.
É por isso que só a esperança cria justiça, mas, na injustiça, nossa esperança cresce, porque ela se fortalece quando acolhe a espera do outro.
A esperança nos leva à participação e transformação da realidade. Vivemos em um mundo sem esperança porque nos afundamos no mar da indiferença. A construção de um projeto de nação ou eclesial envolve uma participação de todos, que começa no simples gesto de permitir e acolher a diferença na qual o outro se mostra.
Não há justiça onde não se reconhece e se garante essa diferença, e toda luta pela justiça começa no simples reconhecimento e aceitação do diferente. Tal reconhecimento tem de se tornar real nas relações cotidianas e no fortalecimento de espaços comuns.
A esperança, mais que um estado ilusório, expressa-se na dinâmica da nossa participação na construção de uma realidade na qual a justiça seja possível em todos os âmbitos da nossa vida.
Recordemos as palavras de Bento XVI: "Mas o esforço quotidiano pela continuação da nossa vida e pelo futuro da comunidade cansa-nos ou transforma-se em fanatismo, se não nos ilumina a luz daquela grande esperança que não pode ser destruída sequer pelos pequenos fracassos e pela falência em vicissitudes de alcance histórico".
Heidegger tinha razão: só uma esperança maior, em Deus, nos liberta do cansaço e do fanatismo, e transforma nossa esperança em busca da justiça.
Esperança e justiça: precisamos de ambas
Félix J. Palazzi - publicado em 20/02/14
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