Popular rede social acaba de aprovar mais 54 identidades sexuais para os perfis norte-americanosAlgumas semanas atrás, o observatório Facebook Diversity, um departamento da empresa de Mark Zuckerberg que analisa, interpreta e promove a diversidade social, cultural, política e religiosa em geral, acrescentou 54 novas “identidades sexuais” aos perfis pessoais do Facebook. Somadas aos “tradicionais” feminino e masculino, portanto, as opções agora totalizam 56.
Até o momento, a novidade foi liberada somente para os perfis dos EUA (mas já pode ser acessada por qualquer usuário que alterar o idioma da sua conta para inglês americano). A variedade de opções não se restringe apenas à escolha do gênero, mas também abrange os pronomes relacionados com as identidades transgênero e “cross gender” que o usuário quiser configurar para si: she, her, he, his, they, their… [ela, sua, ele, seu, eles, seus…].
Como os termos ainda não foram disponibilizados em português, é possível que as traduções “oficiais” apresentem variações quando forem liberadas. Por isso, reproduzimos a lista dos 56 gêneros do Facebook em inglês, tais como oferecidos pela versão da rede nos EUA:
Agender
Androgyne
Androgynous
Bigender
Cis
Cis Female
Cis Male
Cis Man
Cis Woman
Cisgender
Cisgender Female
Cisgender Male
Cisgender Man
Cisgender Woman
Female to Male
FTM
Gender Fluid
Gender Nonconforming
Gender Questioning
Gender Variant
Genderqueer
Intersex
Male to Female
MTF
Neither
Neutrois
Non-binary
Other
Pangender
Trans
Trans Female
Trans Male
Trans Man
Trans Person
Trans Woman
Trans*
Trans* Female
Trans* Male
Trans* Man
Trans* Person
Trans* Woman
Transfeminine
Transgender
Transgender Female
Transgender Male
Transgender Man
Transgender Person
Transgender Woman
Transmasculine
Transsexual
Transsexual Female
Transsexual Male
Transsexual Man
Transsexual Person
Transsexual Woman
Two-spirit
A escolha dos EUA como piloto para o lançamento desta novidade tem razões óbvias: na terra de Barack Obama, já foram regulamentados o casamento e a adoção de crianças por casais do mesmo sexo.
Os critérios sobre a identidade de gênero são regulados no direito internacional pelos "Princípios de Yogyakarta", adotados pela ONU em 2006. Com base neles, o Facebook ampliou a quantidade de propostas de gênero e chegou a esse número estonteante de prefixos como trans-, cis- e bi-.
Mais do que a filantropia promovida pela empresa de Palo Alto, porém, a razão desta iniciativa parece apontar para fatores mercadológicos: uma categorização mais “específica” do gênero permite desbastar melhor os públicos-alvo das campanhas publicitárias, valorizando a oferta de publicidade social na plataforma. O Facebook Data Science, aliás, aproveitou a semana de São Valentim, que corresponde ao dia dos namorados em grande parte dos países, para fazer uma série de pesquisas sobre “amor”, “formação de pares nas redes sociais” e “dinâmicas da união entre pessoas de diferentes religiões”, por exemplo.
Os dados interpretados pela rede social gigante são preditivos: chegou-se a comentar que o Facebook é capaz de "captar" o momento em que começa uma paixão, graças a um algoritmo complexo que calcula a quantidade de “curtidas”, comentários e “posts” compartilhados no mural dos ainda inconscientes apaixonados. Esse estudo concedeu a si próprio um título de autoridade: "A formação do amor", e é ilustrado com um interessante diagrama explicativo.
Em suma, a rede social está analisando relacionamentos e adoção de novos gêneros sexuais, duas práticas quase simultâneas. O Facebook se adaptou ao ritmo dos tempos e às ideologias que os tempos trazem consigo. Ainda assim, surge uma questão: dadas as peculiaridades e o alcance dos estudos feitos pela empresa sobre as chamadas “formas de amor”, por que o Facebook não divulga a quantidade real de relacionamentos homossexuais que a pesquisa identificou? Por que não detalhar o número real de pessoas que adotaram um dos 54 novos gêneros? Por mais que o estudo possa ter sido bem conduzido, alguns dados não parecem ter sido levados em consideração. Por quê?