O sexo é mais do que um jogo e muito mais do que um desabafo de necessidades físicas
É difícil definir a sexualidade humana: inclui a atração química, hormonal e a busca de viver fantasias, sonhos, segurança afetiva, porém, não se reduz a estas duas dimensões (física e psicológica). Não há verdadeira realização quando a vivência da sexualidade não vai além do que a busca do prazer, do orgasmo ou mesmo do conforto transitório do aconchego e da carícia. Intuitivamente, sabemos que a força do dinamismo sexual é expressão de uma força de encontro, de comunhão, de unificação. O sexo é mais do que um jogo e muito mais do que um desabafo de necessidades físicas.
O cônjuge deve ser verdadeiramente reconhecido e procurado por si mesmo o que personaliza a atração e o erotismo (a sexualidade é tanto mais humana quanto mais interpessoal, isto é, entre pessoas que se elegem reciprocamente), desenvolve a ternura, caminhando para o dom total de si: na libertação de travas egoístas e inseguranças para a entrega de vidas compartilhadas.
Cada um faz seus, os estados de alma do outro o que abre a riqueza, unicidade e profundidade de próprio ser. Esta atitude traz riscos (de rejeição, de fracassos) e expõe a vulnerabilidade (as fragilidades) de cada um. É preciso desenvolver a confiança recíproca e a aceitação dos riscos.
A sexualidade propriamente humana difere da sexualidade animal; esta última vem pronta e se realiza através dos instintos; é dependente e determinada pelos instintos. A sexualidade humana inclui a necessidade física que se expressa através da ação hormonal e química fisiológica; inclui também a necessidade ou expressividade psicológica com a necessidade de afeto e o desejo de superar a solidão, porém é mais do que isso: expressa uma qualidade própria e unicamente humana, o dinamismo de abertura, de apelo ao outro diferente de si expondo uma necessidade ontológica, isto é, que faz parte da constituição da Pessoa humana.
Os elementos fisiológicos, os traumas, as vivências positivas ou negativas em relação à afetividade e à sexualidade fazem parte de cada pessoa, porém não a forçam a agir de uma determinada maneira. A Pessoa é livre para crescer a partir do apelo interior de desenvolvimento para chegar à vivência do Amor.
Em suas diferentes expressões: SEXUS, EROS, PHILIA e ÁGAPE, a sexualidade humana se realiza quando integra as suas manifestações em uma ordem de valores, sem desprezar ou anular alguma dimensão.
O Objetivo da Bioética é unir o tema da sexualidade à visão integral da Pessoa para estabelecer as bases para os critérios éticos que alcançam a procriação responsável, a questão do aborto, das intervenções para mudança de sexo, o tratamento de distúrbios sexuais, métodos anticoncepcionais, a esterilização definitiva, as técnicas de fecundação artificial e, sobretudo, a questão do relacionamento interpessoal e a questão da família. Estes aspectos se referem não somente à Pessoa individualmente, mas a toda organização da sociedade.
A Organização Mundial de Saúde (OMS) define a sexualidade como uma força que nos motiva a procurar amor, contato, ternura e intimidade, que se integra no modo como nos sentimos, movemos e somos tocados; influencia pensamentos, sentimentos, ações e interações e, por isso, influencia também a nossa saúde física e mental. Pelo que se entende habitualmente por amor, querendo expressar o desejo de estar junto de alguém, como sentimento que acaba, esta definição é pobre e reduzida.
A sexualidade humana expressa algo que é a própria vocação humana, o sentido de sua existência: o chamado a ser dom ao outro e, ao mesmo tempo, ser totalmente receptivo e aberto para receber o outro diferente de si. O ser humano é feito para viver o mistério nupcial, vocação que clama em seu interior tecido pelo amor a ser doado e a ser recebido, de forma total, única e irrevogável, o que é o verdadeiro amor. Para isto é preciso se dispor para o crescimento, para a subida, degrau a degrau.
Na Fé, experimentamos esta realidade como dom de Deus e participação em Sua própria vida. O Criador que, em Sua bondade e sabedoria, desejou conservar a raça humana por intermédio do varão e da mulher, unindo-os em casamento, igualmente ordenou que, ao cumprir esta função, o marido e a mulher experimentem o prazer e a alegria em sua carne e em seu espírito. Buscando e gozando desse prazer, os casais nada fazem de mal, apenas aceitam aquilo que o Criador lhes deu. (Pio XII – 29/10/1951).
No Catecismo da Igreja Católica, (CIC2362) encontramos que o marido e a mulher que não cuidam de sua relação sexual, estão em falta. O prazer pode e deve ser santo (CIC 2360); o casal deve se relacionar bem sexualmente para crescer como casal; sua união deve ser a celebração e atualização do sacramento – presença real de Jesus.