O primeiro beijo pode ser eterno?

Mais um vídeo se tornou viral nos últimos dias: o de uma empresa têxtil que mostra sua nova coleção de forma criativa: convidando 20 desconhecidos a beijar-se. No vídeo, pode-se observar a dificuldade que envolve as primeiras vezes – e muitas delas, infelizmente, caem no esquecimento.

Não quero tirar o mérito do primeiro beijo, mas permitam-me recordar a história de muitos heróis anônimos que já deram mais de 20 milhões de beijos (um número maior de beijos que o de visualizações desse vídeo): todos e cada um deles são tão mágicos como a primeira vez. Isso sim tem mérito.

Há uma notícia recente que certamente não terá tantas visualizações como o vídeo do primeiro beijo, mas é uma história real; não uma propaganda de grife, mas uma história de amor eterno. Seus nomes: Beatriz e Fernando. Ela tinha 89 anos e ele, 98. Os dois morreram assim como viveram: juntos. Nos 54 anos de casamento, haviam lutado para construir uma família sólida. No final da vida, desfrutavam da velhice um ao lado do outro, em sua casa de campo.

Eles se conheceram na cidade de Valência (Espanha), na década de 50. Sua despedida e morte, assim como toda a sua vida, foi conjunta, no mesmo quarto de hospital, na mesma hora da madrugada do último sábado.

Uns dias antes, ele estava no hospital e ela, em casa, mas finalmente decidiram ficar no mesmo quarto do hospital. Lá passaram o sábado juntos e lá faleceram unidos. A filha do casal explica: "Eu estava segurando a mão da minha mãe e, de repente, percebi que ela parou de respirar e seu coração parou de bater. Fui até o meu pai e vi o mesmo. Ele estava um pouco mais frio, então acho que faleceu uns minutos antes. Morreram em silêncio".

Em um mundo como o atual, tão aparentemente efêmero, no qual a alegria do primeiro beijo parece desvanecer-se, vale a pena recordar que o amor eterno é possível.

Beatriz e Fernando deram seu primeiro beijo há mais de 54 anos e, ainda que esse momento possa ter ficado no passado, eles souberam guardar algo melhor: uma união tão real que nem a morte pôde separar.