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Oscar Romero, o primeiro dos novos mártires

Beatificazione più spedita di Oscar Romero – pt

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Chiara Santomiero - Aleteia Vaticano - publicado em 27/03/14

Dom Vincenzo Paglia: "Romero ensina que o martírio é dar a vida pelos outros, e não só com o sangue"

Já se passaram 34 anos desde o assassinato de dom Oscar Arnulfo Romero, arcebispo de San Salvador, morto em 24 de março de 1980 enquanto celebrava a missa. Embora não fosse “progressista”, o arcebispo incomodava os detentores do poder no pequeno país centro-americano porque estava do lado dos pobres e era contra a violência dos chamados “esquadrões da morte”, que matavam oponentes políticos e mergulhavam a nação numa espiral de medo e de intimidação.

Romero é um bispo mártir que tem muito a dizer aos cristãos de hoje, como nos conta o postulador da causa de beatificação e presidente do Conselho Pontifício para a Família, dom Vincenzo Paglia, que conversou com Aleteia durante o evento de apresentação do VIII Encontro Mundial das Famílias (Filadélfia, 22 a 27 de setembro de 2015).

O que dom Romero diz para os cristãos de hoje?

Paglia: Romero é uma grande testemunha. Recordá-lo hoje, 25 de março, me comove porque a figura dele, poderíamos dizer, de alguma forma “abriu” a última fileira dos novos mártires. Desde aquele 1980, centenas e centenas de homens e mulheres continuam a ser mortas por causa do testemunho da fé. Sobre o significado do martírio, eu me lembro de uma homilia desse arcebispo de San Salvador, cujo conteúdo me impressiona muito. E eu digo isso como presidente do Conselho Pontifício para a Família. Ao discursar no funeral de um sacerdote que tinha sido assassinado pelos esquadrões da morte, Romero disse: "O Concílio Vaticano II pede hoje que todos os cristãos sejam mártires; não se pode ser cristão sem ser mártir, e ser mártir significa dar a vida pelos outros. Para alguns, o evangelho pede a vida até o derramamento do próprio sangue, como foi o caso deste padre, mas todos nós somos chamados a dar a vida pelos outros". E neste ponto Romero afirmou, e esta é a coisa extraordinária, que o martírio é também o da mãe que concebe uma criança, que a mantém no seu ventre, que dá à luz, que amamenta e que educa o filho: isso é martírio porque a mãe está dando a vida por essa criança. Um testemunho como este é extremamente importante para os cristãos de hoje.

Romero, então, é também um santo da família…

Paglia: Com certeza! É proverbial a paixão de Romero por ajudar os camponeses e as famílias deles, tantas vezes esmagadas pela violência e pelo abuso econômico. Romero foi um mártir pelas famílias pobres, que são esmagadas por uma violência desumana: foi especialmente por elas que ele deu a vida, derramando o sangue em cima do altar.

O senhor afirmou que a causa de beatificação "está avançando" e parece próxima. É porque o papa é latino-americano?

Paglia: É porque os tempos estão maduros. A causa já tinha sido retomada pelo papa Bento XVI.

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