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Brigamos, logo somos: o perdão na vida do casal

A couple in crisis – pt

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Mirko Testa - Aleteia Vaticano - publicado em 01/04/14

Não é o conflito que inviabiliza as promessas do casamento, mas a incapacidade de lidar com ele

O perdão não é apenas o auge da fé, o ato da máxima gratuidade, mas também a ação humana que, acima de todas as outras, reflete a ação divina.

Um casal que queira construir a relação sobre a rocha da moral cristã precisa se comprometer com a fidelidade não apenas mediante a exclusão de relações sexuais com outros parceiros, mas também mediante a própria educação para o perdão.

O perdão na vida de casal não é um fato ligado a eventuais traições, a ser suportadas heroicamente. Às vezes, basta um simples mal-entendido, uma palavra fora de lugar para criar cenas insuportáveis de silêncio refugiado atrás de barricadas. É um dever para os esposos, nesses casos, resolver as coisas e trabalhar para evitar as brigas. Se a briga já começou, é preciso aprender a continuar remando juntos e limitar os danos.

Embora os cônjuges tenham que perdoar com certa frequência aquele adultério de pensamento, que acontece quando se alimentam atenções afetuosas para com outras pessoas ou coisas que lentamente ocupam no coração o lugar do cônjuge, é inútil negar que, na vida de um casal, o perdão máximo está ligado à máxima ofensa: a traição, seja uma escapadela, uma queda ou um relacionamento mais duradouro.

De acordo com as "Diretrizes Pastorais" (4/ 2013) dos cônjuges e sociólogos Attilio Danese e Giulia Paola Di Nicola, professores universitários e co-editores da revista Prospettiva Persona, "o perdão não pode ser uma mudança mágica", porque a memória, quando menos esperamos, volta a aflorar, como uma sonâmbula, retornando às feridas". Por isso, é prudente duvidar do esquecimento apressado da ofensa; o que acontece, em geral, é o contrário: "o perdão ajuda a curar a memória e a fazer a lembrança da ferida perder a virulência".

"Os muitos casais que resistem às tempestades atestam uma experiência relacional dinâmica, orientada a fortes ideais em comum, capaz de se dobrar sem se partir, de aceitar as pequenas e grandes falhas e de se surpreender ao colher os frutos do amor fiel".

Quem perdoa faz um investimento de confiança no outro. Mas o perdão nasce da consciência livre da pessoa; não pode ser pressuposto. A arte de amar consiste precisamente em levar em conta a medida do outro, o tempo de que ele precisa para curar as feridas, para responder ao amor, para restaurar a reciprocidade dos sentimentos.

Os autores nos lembram, no entanto, que "aquele que superou difíceis crises matrimoniais sabe que o perdão, se não pode mudar o que aconteceu, pode transformar o seu significado, libertá-lo do bloqueio que paralisa a relação e transformá-lo em um recurso valioso".

"Como para as virgens prudentes da parábola, todos os esposos trazem consigo a lâmpada do amor humano: cada um ama o outro porque é amado em troca. É necessário, porém, o óleo da graça, que faz queimar a lâmpada com o amor divino, capaz de amar mesmo quando não é amado, um óleo escasso em nosso tempo, que mais facilmente se contenta com a solidariedade e com a responsabilidade. Só os esposos sábios, como as virgens prudentes, acumulam reservas para poderem perdoar e revigorar o fluxo do amor recíproco".

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