A Escritura mostra claramente a tese da ressurreição dos corpos por ocasião da segunda vinda de Cristo ou da consumação dos tempos
Alguns teólogos defendem, contra o ensinamento do Magistério da Igreja, que a ressurreição da pessoa aconteça imediatamente após a morte. Tanto o Catecismo da Igreja quanto a Sagrada Congregação da Fé, da Santa Sé, ensinam que a morte se dá pela separação da alma e do corpo, segundo a Tradição cristã, para dissipar doutrinas que professam a ressurreição logo após a morte, onde isso não aconteceria.
Essa doutrina errada, de fundo holista, ensina que o corpo e alma não se distinguem realmente, portanto não se separam entre si. Consequentemente, quando o ser humano morre, morre como um todo (corpo-alma); e, para que não aconteça um vazio na existência do sujeito, é suposta a ressurreição do mesmo logo após a morte, sem que haja necessidade de se esperar o fim dos tempos para que ocorra a ressurreição dos mortos. A Igreja nunca aceitou essa hipótese, pois contradiz o nosso Credo.
A Congregação da Fé publicou (“Acta Apostolicae Sedis” 71; 1979, pp. 939-943) sob o título “Epistula ad Venerabiles Praesules Conferentiarum Episcopalium de quibusdam quaestionibus ad eschatologian pertinentibus” (Carta aos Veneráveis Presidentes das Conferências Episcopais a respeito de algumas questões concernentes à escatologia).
A seguir temos o texto dos artigos da Declaração, publicado na revista Pergunte e Responderemos; Nº 275 – Ano 1984 – Pág. 266. Eis os sete pontos doutrinais contidos no citado documento:
“Esta Sagrada Congregação, que tem a responsabilidade de promover e de defender a doutrina da fé, propõe-se hoje recordar aquilo que a Igreja ensina, em nome de Cristo, especialmente quanto ao que sobrevém entre a morte do cristão e a ressurreição universal:
1) A Igreja crê numa ressurreição dos mortos (cf. Símbolo dos Apóstolos).
2) A Igreja entende esta ressurreição referida ao homem todo; esta, para os eleitos, não é outra coisa senão a extensão, aos homens, da própria Ressurreição de Cristo.
3) A Igreja afirma a sobrevivência e a subsistência, depois da morte, de um elemento espiritual, dotado de consciência e de vontade, de tal modo que o “eu humano” subsista, embora entrementes careça do complemento do seu corpo. Para designar esse elemento, a Igreja emprega a palavra “alma”, consagrada pelo uso que dela fazem a Sagrada Escritura e a Tradição. Sem ignorar que este termo é tomado na Bíblia em diversos significados, Ela julga, não obstante, que não existe qualquer razão séria para a rejeitar e considera mesmo ser absolutamente indispensável um instrumento verbal para sustentar a fé dos cristãos.
4) A Igreja exclui todas as formas de pensamento e de expressão que, se adotados, tornariam absurdos ou ininteligíveis a sua oração, os seus ritos fúnebres e o seu culto dos mortos, realidades que, na sua substância, constituem lugares teológicos.
5) A Igreja, em conformidade com a Sagrada Escritura, espera “a gloriosa manifestação de nosso Senhor Jesus Cristo” (cf. Constituição “Dei Verbum” l, 4), que Ela considera como distinta e diferida em relação àquela própria do homem imediatamente depois da morte.
6) A Igreja, ao expor a sua doutrina sobre a sorte do homem após a morte, exclui qualquer explicação que tirasse o sentido à Assunção de Nossa Senhora naquilo que ela tem de único; ou seja, o fato de ser a glorificação corporal da Virgem Santíssima uma antecipação da glorificação que está destinada a todos os outros eleitos.
7) A Igreja, em adesão fiel ao Novo Testamento e à Tradição acredita na felicidade dos justos que “estarão um dia com Cristo”. Ao mesmo tempo Ela crê numa pena que há de castigar para sempre o pecador que for privado da visão de Deus, e ainda na repercussão desta pena em todo o ser do mesmo pecador. E, por fim, Ela crê existir para os eleitos uma eventual purificação prévia à visão de Deus, a qual, no entanto é absolutamente diversa da pena dos condenados. É isto que a Igreja entende quando Ela fala de inferno e de purgatório”.