Tão prontamente várias pessoas ficaram sabendo do ocorrido e começaram a ir ao monte para rezar o terço e o ofício de Nossa Senhora
No próximo dia 13 de abril completaremos seis meses da morte de uma das videntes brasileiras de Nossa Senhora das Graças. Seu nome civil é Maria da Luz Teixeira de Carvalho, conhecida como Irmã Adélia, do Instituto das Damas da Instrução Cristã. A religiosa de 91 anos de idade morava em Recife.
O local onde a Irmã diz ter visto a aparição de Nossa Senhora localiza-se na reserva indígena dos Xukuru, no distrito de Cimbres, em Pesqueira-PE. Entretanto, este local possui constantes conflitos. Em vista disso, a Prefeitura de Pesqueira construiu o Santuário de Nossa Senhora das Graças ao lado do Cruzeiro da cidade, bem como uma gruta com quatro metros de altura e uma imagem da Virgem com quase dois metros, onde os peregrinos podem fazer suas orações.
Duas adolescentes do agreste veem Nossa Senhora
Irmã Adélia relatou que no dia 6 de agosto de 1936 foi com uma amiga mais velha, Maria da Conceição, colher algumas sementes de mamona num sítio. Entretanto, o medo do famoso Lampião, que matava muita gente naquela região nordestina, assustou as duas adolescentes de 14 e 16 anos de idade, que se esconderam no mato, rogando a proteção de Nossa Senhora. Para a surpresa delas, viram no alto da serra a imagem de uma mulher com uma criança nos braços. Voltaram pra casa consternadas.
Chegando em casa, Maria da Luz contou à sua mãe o que havia visto, esta não acreditou. Logo, o pai, Arthur Teixeira, chegou em casa para o almoço e, preocupado que pudesse ser alguém escondido no meio do matagal, foi com as duas meninas ao local. Munido de uma foice abriu uma picada entre os espinhos e garranchos. Vinte minutos depois, chegou ao local da suposta aparição. E, para o seu espanto, as meninas já estavam lá, sem terem sofrido arranhão algum.
Na mesma hora as meninas viram a imagem da mulher, apesar do pai de Maria da Luz não ver coisa alguma. “Perguntei: ‘Quem é você?’, e a mulher me respondeu: ‘Eu sou a Graça’. ‘O que a Senhora quer aqui?’, tornei a perguntar. Ao que ela respondeu: ‘Vim para avisar que hão de vir três castigos mandados por Deus. Diga ao povo que reze e faça penitência’”, afirmou Irmã Adélia.
Um local de peregrinação e curas
Tão prontamente várias pessoas ficaram sabendo do ocorrido e começaram a ir ao monte para rezar o terço e o ofício de Nossa Senhora. E, no dia 10 de agosto, a Virgem das Graças enviou a este povo uma água que saía da rocha, afirmando: “É para curar os doentes”. Além disso, surgiram duas pegadas, uma de mulher e outra de um menino, ambas cravadas na rocha.
A Igreja não poderia omitir-se frente a tantos acontecimentos que faziam com que o povo daquela região acorresse àquele local da suposta aparição. Com isso, o padre Manoel Marques, vigário desta cidade, pediu que o senhor Arthur Teixeira procurasse o bispo de Pesqueira, que delegou um padre para acompanhar o caso.
A Igreja local avalia a autenticidade das aparições
O padre delegado pelo bispo foi até o local da aparição para verificar a autenticidade das afirmações. Como não pôde ver a imagem da Virgem, submeteu as meninas a algumas provas, conforme ele mesmo relata: “Pedi ao senhor Arthur que se retirasse, como também que Maria da Conceição fosse mais para baixo a fim de não ouvir as perguntas que faria a cada uma delas”, e continua: “Como é a figura de Nossa Senhora que você vê? Maria da Luz disse: ela é semelhante a Nossa Senhora do Carmo da Catedral de Pesqueira, porém o manto dela é azul e o vestido creme e tem faixa. Tem um menininho no braço esquerdo e ambos têm uma coroa muito bonita na cabeça… Fiz descer Maria da Luz e chamei Maria da Conceição. Esta fez as mesmas afirmações que Maria da Luz sem qualquer diferença. A fim de observar se ela dizia verdade ou não, disse-lhe: olhe, minha filha, a outra disse que Nossa Senhora estava do lado de cá. Como é que você me diz o contrário? Maria da Conceição olhou e depois me disse: Lá eu não vejo”.