Precisamos de outra reforma católica
"A maioria dos católicos não conhece a Bíblia", "a maioria dos católicos usa anticoncepcionais", "a religiosidade da maioria dos católicos está morta"…
Não há nada de novo nem de chocante nessas críticas, especialmente para quem já defendeu a fé católica na internet.
Mas essas afirmações me entristecem, entre outras razões importantes, por causa disto: elas são absolutamente, indiscutivelmente e escandalosamente verdadeiras.
E todas elas facilitam a rejeição dos não católicos à fé que é necessária para a salvação.
Sim, nós, católicos, somos pecadores como todos os outros, e a “fé só de nome” assola todas as religiões. Mas podemos ser bem melhores! Nós temos a plenitude do Evangelho de Jesus Cristo e o pleno acesso à sua graça infinita. Não deveríamos manter um padrão bem mais elevado?
É muito importante notar que nenhum dos problemas que eu listei até aqui são inerentes ao catolicismo como tal: esses problemas vêm de indivíduos católicos que não vivem a própria fé. Além disso, nenhum desses problemas se aplica à totalidade dos católicos, pelo menos não de forma significativa. Mas se aplicam a um número de católicos suficientemente relevante para causar escândalo entre os não católicos, dando a eles fáceis motivos para não levar o catolicismo a sério.
Eu não tenho a pretensão de achar que não faço parte do problema. Eu faço. Mas gostaria também de fazer parte da solução.
Por isso, gostaria de mencionar quatro aspectos em que nós, católicos, escandalizamos os não católicos. Precisamos melhorar nesses quatro pontos para transmitirmos de verdade o Evangelho ao mundo.
1) Nós, católicos, não falamos o suficiente sobre Jesus
Jesus Cristo aparece no centro e na frente de cada cruz na maioria das igrejas católicas. É o Evangelho de Jesus Cristo o que nós temos que levar até os confins da terra. É Jesus Cristo quem, misteriosamente, se faz presente no altar em cada santa missa. Jesus é o centro absoluto da fé católica, o princípio e o fim de tudo.
Ou deveria ser.
A nossa pouca vivência real desta verdade é um problema tão sério que nem há como exagerá-lo. Mesmo entre os católicos mais fiéis, parece que há uma dedicação de tempo bem maior para falar da Igreja, do clero, do papa, da missa, dos ensinamentos morais, dos sacramentos, de Maria e dos santos, todos muito importantes, é claro, mas bem menos dedicação para mencionar Jesus.
Sim: os evangélicos, às vezes, estão certos ao dizer que todos aqueles outros aspectos podem acabar virando uma distração. E eles têm o direito de se escandalizar com isso.
É claro que a solução não é o outro extremo, de deixar de lado todos esses aspectos da nossa fé. Mas precisamos enxergar a ordem correta das coisas. Os católicos devem seguir o ensinamento da sua Igreja e colocar Jesus em primeiro lugar, pois Ele é o Deus encarnado e o único que pode nos salvar. Todo o mais é uma ajuda para nos aproximarmos de Jesus.
2) Nós, católicos, não conhecemos a Bíblia
“A ignorância das Escrituras é ignorância de Cristo”. Esta frase não foi dita por um pregador fundamentalista, mas por um santo católico doutor da Igreja: São Jerônimo. A frase é citada na “Dei Verbum”, a constituição dogmática sobre a Revelação Divina promulgada pelo Concílio Vaticano II, em 1965.
Parece, portanto, que uma grande quantidade de católicos é ignorante de Cristo.
A Igreja católica concorda com os irmãos e irmãs protestantes quando eles afirmam que a bíblia é a Palavra inspirada por Deus. A bíblia é fonte fundamental para aprendermos sobre Cristo e sobre o caminho da salvação. Como católicos, somos incentivados a conhecer a bíblia, mas a maioria de nós não se empenha nesse conhecimento.