Ah, como eu amo aquele momento de silêncio antes do início de um concerto!
O regente da orquestra dá três pequenos golpes com a batuta e, como por encanto, a cacofonia incompreensível dos instrumentos que tentavam se organizar emudece. Todos voltam o olhar para o maestro, à espera do gesto que reunirá em unidade todos os esforços e dará início a tudo o que deve acontecer!
É um átimo suspenso, cheio de magia! Uma pausa que pode durar o infinito, com o tempo parecendo parado…
Eu imagino o que se passa no coração dos músicos naquele instante: um coração que não é uma máquina e que dita os verdadeiros tempos da música. Tensos, ansiosos, eles sabem que um milagre está a ponto de acontecer e que a sua realização é confiada a eles, à sua obediência, à sua docilidade ao movimento daquela mão que agora lhes pede silêncio.
Imagino o público: arrebatado! Algo de grandioso está prestes a acontecer; todos sabem. Eles pagaram, às vezes preços bem altos, para estar na primeira fila, para desfrutar do prodígio e receber a sua luz, o seu calor, beleza e vida, e, agora, mal podem esperar.
E há o regente. Ele é o único que não está ansioso. Ele não pode. Não deve. Porque é ele quem tem que transmitir a todos a força e a vida e o ritmo e a segurança e a beleza.
Assim é o Sábado Santo que nos aprestamos a celebrar.
Com a batuta da Cruz, o Pai sinalizou com força para o mundo que “chegou a hora”! Agora estão todos em aguardo: os anjos, os santos, a Igreja, o mundo, eu. Todos com a respiração suspensa, todos se perguntando se a Vida vencerá, se o amor é mesmo mais forte do que a morte.
Vocês nunca perceberam que o mundo está parado?
Como nos filmes em que a câmera lenta prepara o beijo final, tudo no tempo da Páscoa parece girar mais devagar até o Sábado Santo, até o momento em que tudo se congela e para.
Por isso é que cobrimos as imagens; por isso é que não podemos celebrar a missa; porque, neste dia, nada pode acontecer, à espera de que Tudo aconteça.
É o dia suspenso, a jornada de espera. É o dia em que todos voltam o olhar para cima, para o Regente, para o único verdadeiro Maestro.
Ah, como eu amo o Sábado Santo!
Sábado Santo: os segundos de espera antes do concerto

© Sabrina Fusco / ALETEIA
Pe. Fabio Bartoli - Aleteia Vaticano - publicado em 19/04/14
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