Já Washington, por outro lado, acusa Moscou de estar por trás dos distúrbios no leste da Ucrânia
A Rússia acusou nesta quinta-feira Estados Unidos e União Europeia pelo que considera a tentativa de provocar uma revolução na Ucrânia e de utilizar Kiev como "um peão no jogo geopolítico" contra Moscou.
"Na Ucrânia, Estados Unidos e União Europeia tentaram realizar uma nova ‘revolução colorida’, uma operação de mudança de regime contrária à Constituição", disse o ministro das Relações Exteriores, Serguei Lavrov.
A Rússia chama de "revolução colorida" as mudanças de poder como a "revolução laranja" de 2004 na Ucrânia ou a "revolução rosa" um ano antes na Geórgia. Moscou sempre acusou os países ocidentais de terem provocado as revoltas nas duas ex-repúblicas soviéticas.
"Além disso, poucos analistas sérios duvidam de que não se trata do destino da Ucrânia. Simplesmente utilizaram e continuam utilizando a Ucrânia como um peão no jogo geopolítico", completou Lavrov.
"Nossos sócios ocidentais, sobretudo Estados Unidos, tentam comportar-se como vencedores da Guerra Fria e agir como se fosse possível não levar a Rússia em consideração nos assuntos europeus e fazer coisas que prejudicam diretamente os interesses da Rússia", afirmou.
Segundo o chanceler, "trata-se de continuar com a política de contenção de nosso país, a qual, no fundo, o Ocidente nunca renunciou", disse, utilizando um termo da época da Guerra Fria.
"Basta recordar a propaganda histérica contra a Rússia difundida por Estados Unidos e Europa bem antes dos acontecimentos na Ucrânia, a vontade de prejudicar por todos os meios os Jogos Olímpicos de Sochi", destacou.
Ativistas pró-Rússia pedem um referendo separatista no leste da Ucrânia, seguindo o exemplo da península da Crimeia, anexada recentemente à Rússia após uma consulta popular que não foi reconhecida por Kiev nem pelos países ocidentais.
Já Washington, por outro lado, acusa Moscou de estar por trás dos distúrbios no leste da Ucrânia.
O presidente americano Barack Obama acusou nesta quinta-feira em Tóquio a Rússia de não respeitar o acordo internacional de Genebra para reduzir a tensão na Ucrânia e ameaçou com novas sanções.
Havia certa possibilidade de que a Rússia adotasse uma atitude mais sábia depois da reunião de Genebra. Mas até agora vimos que não cumprem com o espírito nem com a letra do acordo de Genebra", disse Obama.
"Mas continuamos vendo homens mal-intencionados, armados, que se apoderam de edifícios, atacando pessoas que não concordam com eles, desestabilizando a região, e não vemos a Rússia se afastando ou desestimulando", completou.
(AFP)