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Por que os jovens gostam tanto da Nova Era?

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@Eva Rinaldi Celebrity and Live Music Photographer

Jose Luis Vázquez Borau - publicado em 02/05/14

É preciso compreender quais são os anseios mais profundos daqueles que se aproximam desta corrente religiosa

A Nova Era atrai jovens – e outros não tão jovens. Ao analisar este fenômeno, podemos encontrar três causas e uma consequência:

1. As grandes ideias da modernidade se fundiram. O horizonte que se tinha das utopias desapareceu.

2. Constatar que a conquista da felicidade sobre a terra não depende do progresso científico ou tecnológico.

3. A globalização, a revolução tecnológica e o mundo da comunicação aceleraram nosso ritmo de vida e provocaram uma mudança permanente dos acontecimentos – algo nem sempre fácil de assimilar. Isso leva a uma grave dificuldade de adaptação. Os acontecimentos vêm e vão, mas carecem de finalidade própria. O “labirinto” pode ser o melhor símbolo para representar a crise da modernidade: você pode caminhar em todas as direções, mas não encontra a saída. Isso nos convida a instalar-nos na superfície das coisas e em deixar-nos seduzir pelo triunfo das aparências.

Como consequência destas 3 causas, surge uma cultura da frivolidade, que nos convida a saborear o presente sem preocupar-nos com o futuro ou o passado. Uma cultura da imagem, da máscara, do fragmentário. O importante é viver o momento.

Já não se entende muito bem esse assunto de “ser autênticos”: o decisivo é a aparência. Cada um vive sua própria imagem. A moda, os festivais de rock, a bebida etc. nos ajudam a compensar a angústia de ter de viver em um mundo que não entendemos.

Diante de tudo isso, o movimento da Nova Era, como um grande rio que flui, representa uma forma típica da sensibilidade contemporânea que acaba atraindo muito os jovens. A Nova Era não se orienta à razão, mas à intuição, para apropriar-se dos mistérios, do desconhecido, dos poderes não desenvolvidos do cérebro.

A Nova Era é como uma gaveta na qual cabe tudo, do esoterismo mais duvidoso até os assuntos mais sérios, como a filosofia transcendental, os últimos movimentos da Física ou um misticismo saudável.

Este movimento acusa o cristianismo de carência de experiências, de desconfiança com relação à mística, de incessantes exortações morais e de exagerada insistência na ortodoxia da doutrina.

Qual é a diferença entre as seitas e as religiões orientais?

As religiões orientais se apresentam oferecendo o caminho da unidade e da fusão pelas quais a humanidade tanto anseia. Além disso, ensinam que o ponto de apoio da verdadeira religiosidade é mais a experiência e o sentimento do que a razão e a autoridade, oferecendo técnicas, caminhos e formas de aproximação da divindade.

Esta é, às vezes, a fraqueza do cristianismo do Ocidente: pregamos a união com Deus, mas não oferecemos aos iniciados os caminhos adequados para esta união. Os mestres espirituais da Índia ou do Japão acompanham o iniciado, passo a passo, em seu processo rumo à iluminação. A religiosidade oriental, no sentido mais amplo do termo, está onipresente nos ambientes da Nova Era.

A Nova Era é mais um movimento que uma seita, mas há seitas de cunho oriental que destacam alguns dos aspectos da Nova Era.

Onde está o risco? Em que um líder explore um valor em si bom, mas decapitado, e o converta em um absoluto, manipulando seus seguidores para conseguir dinheiro e poder.

A meu modo de ver, os cristãos precisam olhar o universo da Nova Era com uma visão crítica, e ao mesmo tempo ser misericordiosos para valorizar tudo o que há de bom nela; e fazer que chegue à sua plenitude em Cristo, que é a verdade, a beleza e a bondade absoluta.

Precisamos falar com a sensibilidade dos jovens e desenvolver nossa imaginação criadora no âmbito da pastoral e da liturgia.

Certamente, este é um tema aberto ao debate.

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