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Quando meu filho fez a primeira comunhão

First Communions and Reunion of Souls Pawel Loj – pt

Pawel Loj

Cari Donaldson - Aleteia Vaticano - publicado em 09/05/14

Comecei a chorar e só conseguia imaginar o céu explodindo de alegria

No último sábado, meu filho recebeu a primeira comunhão. É o meu terceiro filho a comungar, mas o primeiro cuja gravidez inteira eu vivi como católica.

Durante nove meses, toda vez que eu voltava para o banco depois de receber a Eucaristia, me ajoelhava e, silenciosamente, me maravilhava com o quanto era impressionante que o meu filho ainda nem nascido já estivesse tão perto de Jesus. A natureza completamente física dessa interação era quase escandalosa em sua carnalidade. O Senhor de todo o universo vinha até mim como pedaço de pão e, por alguns breves momentos, descansava lado a lado com o meu filho em desenvolvimento. Apenas uma fina parede de tecido e líquido amniótico os separava. Nada mais era necessário para compreender a profundidade da palavra "encarnado".

Seja qual for o rumo que a vida do meu filho tome, ele já a começou junto com Cristo. Enquanto a natureza seguia o seu curso, dividindo células, formando órgãos, fazendo crescer o cabelo, o meu filho se aninhava com o Filho de Deus. Eu tinha a fé absoluta de que esta gestação espiritual deixaria uma marca na alma do meu bebê e que nada em sua vida jamais seria capaz de apagá-la.

Depois que o meu filho nasceu, eu sentia, às vezes, momentos de certa “tristeza” por ele, que teria de esperar mais ou menos oito anos até se unir fisicamente a Cristo mais uma vez. Mas, no fim, a possibilidade de consumir o Pão da Vida é algo de que mesmo os anjos nos invejam.

Com o sábado se aproximando, eu ficava cada vez mais ansiosa. Será que o preparamos adequadamente? Bom, nós o preparamos com cuidado, pelo menos. Será que ele entendeu a importância do que estava para acontecer? Bom, quem entende? E se ele deixasse cair a hóstia? Obviamente não seria o ideal, mas também não seria a primeira vez na história humana…

Eu não tinha ficado assim na primeira comunhão dos meus dois filhos mais velhos. Mas este menino, este gigante menino que foi o primeiro dos meus filhos a se aninhar tão intimamente com o Senhor Eucarístico na escuridão do meu corpo, provocava em mim sentimentos de alegria intensos demais! Toda vez que eu imaginava o júbilo da sua alma por se unir a Cristo em comunhão novamente, eu começava a chorar.

Tirei uma foto dele no jardim, com o cabelo bem penteado, o rosto tímido e sorridente ao mesmo tempo. As flores amarelas faziam um lindo pano de fundo para o seu blazer, o mesmo blazer que os irmãos mais velhos tinham usado e que pelo menos mais dois irmãos deverão usar nos próximos anos. Tive que usar a focagem automática da câmera, porque os meus olhos teimavam em se encher de lágrimas.

Chegamos à paróquia cedo e os meninos se reuniram com a sua diretora de educação religiosa. Ela os organizou no corredor, meninos à esquerda, meninas à direita. Eu olhava o lado dos meninos pulsando em movimentos constantes; doze meninos tentando controlar a agitação. Em um contraste divertido, o lado das meninas permanecia completamente imóvel, como uma sólida parede toda de branco.

Quando chegou a vez do meu filho, eu o vi caminhar até o sacerdote, fazer uma cuidadosa reverência e dizer um claro "amém" em resposta ao "Corpo de Cristo". Ele recebeu a sua primeira comunhão, caminhou de volta para o seu lugar e eu comecei a chorar. Eu sei que há um grande júbilo no céu quando um pecador se volta de coração para Deus, mas imaginei que até esse júbilo ficou abafado naquele instante pelo regozijo do reencontro físico do meu filho com Cristo através da comunhão.

Aquela explosão de júbilo –percebi quando eu mesma fui comungar– se repete sempre, toda vez que cada um de nós se reúne com Cristo na Eucaristia.

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