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Amar também com os instintos

La mia gioia è nel Signore – pt

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Carlos Padilla Esteban - publicado em 12/05/14

Nem tudo que é instintivo é ruim, assim como nem tudo que é espiritual é bom

Temos a tendência a considerar bom tudo o que tem a ver com o espírito. E achamos que é ruim tudo aquilo que está relacionado com a carne.

Há pessoas especialistas em sobrenaturalizar tudo o que lhes acontece. Quando não sabem lidar com seu mundo interior, com seu amor instintivo, com o caos da alma, levam tudo ao campo espiritual, como tentativa de voltar a ter o controle sobre a própria vida. Dizem que a solução é rezar, para solucionar tudo.

Mas não é tão simples assim. Precisamos conhecer o nosso coração, entender os processos da alma.

Às vezes, precisaremos do auxílio de alguém que nos dê um pouco de objetividade e nos ajude a olhar para nós mesmos com certa distância. Não é simples, nem tudo se soluciona rezando um Pai-Nosso.

O amor é uma arte que aprendemos na vida. Uma arte que praticamos a partir do coração de Deus. O amor instintivo, esse que tantas vezes nos desconcerta, em si mesmo não é ruim, não é joio, não é necessariamente pecado. Nem tudo é pecado.

O Pe. Kentenich dizia: “Este amor instintivo é o precursor, o acompanhante e a coroação de um marcado amor sobrenatural. Não se deve ver de cara algo mau nisso, pois é algo genuíno, saudável em si mesmo. Há uma força muitas vezes indomável. Quantas coisas são alcançadas com um amor instintivo! O que o amor sobrenatural pode alcançar sem o instintivo geralmente é muito pouco. O que o amor instintivo pode alcançar sem o sobrenatural geralmente é muitíssimo”.

O amor instintivo precisa ser clarificado e integrado no amor espiritual e sobrenatural. Mas este amor instintivo é a força que nos leva a lutar pela vida, a entregar-nos, a amar sem medo, a fazer loucuras por amor. Mas também pode apresentar alguns perigos.

O caminho não consiste então em sobrenaturalizar tudo. É necessário aceitar esse amor instintivo e integrá-lo no amor de Deus semeado no coração.

Também é perigoso separar o sobrenatural do instintivo e do espiritual. Os três amores precisam estar intimamente unidos.

Por isso, não basta ter um forte amor sobrenatural, um amor profundo a Deus. Não basta viver ancorado no Sacrário, fugindo da vida que nos parece insegura. É preciso que haja uma complementariedade com o amor natural e instintivo.

O Pe. Kentenich comentava sobre o amor sobrenatural: “Quando este amor permanece só na esfera sobrenatural e não busca uma complementação no amor natural e instintivo, ele acaba ficando doente. Quando o homem vive em uma grande distância, por um tempo isso atrai, mas cedo ou tarde traz o risco de experimentar uma queda, cair das grandes alturas à mais baixa sensualidade””.

Os desvios também ocorrem quando o amor sobrenatural se separa do amor espiritual, natural e instintivo. Não se trata de viver presos a um amor sobrenatural que nos afaste da realidade, sem ter os pés firmes no chão.

Jesus se fez um de nós. Amou como nós amamos, mas sem pecado. Amou com um amor instintivo, com sua carne, com sua alma, mas nele havia esta harmonia que nos falta. Ele nos ensinou a compreender que podemos amar sem medo.

Tags:
Amor
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