Deve sentir que existe para fazer o bem, considerar-se filho da sua época e apaixonar-se pela verdade
O trabalho de um político é um dos mais exigentes que existe, pelo seu impacto na vida das pessoas, no bem comum e no desenvolvimento das comunidades nas quais os indivíduos buscam se realizar como pessoas.
Podemos nos esquecer do seu significado e desvalorizar esta atividade, a tal ponto de ter pensado alguma vez que os políticos não servem para nada.
O político precisa ser filho da sua época, ou seja, ter uma relação intensa e viva com a cultura, a filosofia, a psicologia e as ideias do seu tempo; entender, amar e viver seu século; apaixonar-se pela verdade, pela justiça e pelas coisas da sua época, olhando mais para o futuro que para o passado, voltando ao passado unicamente em busca de modelos construtivos de ação.
O político precisa levar em consideração os valores de hoje, entender como é o jeito de ser atual. Deve saber dar ao seu povo o sentido da sua missão na história, no momento presente. Que missão a América Latina tem no mundo de hoje? Que missão este país tem no mundo de hoje?
Uma coisa é saber dar ao povo sua missão na história e outra coisa necessária é que cada um se conscientize da sua missão política neste mundo.
O político precisa ser uma amplitude de horizontes que lhe permita ver em outras ideologias, em outras posturas, aspectos positivos, que o levem a coincidir com elas em sua incessante busca da verdade e do bem comum. Ficam descartados os políticos de mente fechada.
O político precisa ter uma relação muito familiar com o cosmos e com o ser transcendente (no caso de ser religioso), ou seja, sentir que está realizando algo no mundo, que existe para algo no mundo e que precisa fazê-lo bem.
A impaciência é a principal causa do fracasso de muitos políticos. É preciso saber esperar. É preciso preparar-se dia a dia. As metas são alcançadas degrau a degrau, e não com um só salto.
O político atual precisa possuir competência científica, capacidade técnica e experiência profissional. Antes era possível ter políticos intuitivos, mas já não há dúvida de que o estudo científico não tira nada da intuição, mas, pelo contrário, a aperfeiçoa, a dirige e evita muitos erros nos quais os políticos puramente empíricos podem cair.
Assim se consolida no tempo o político visionário que sabe ver o futuro e tomar antecipadamente as decisões mais adequadas.
(Artigo de Julio César Arreaza, publicado por Reporte Católico Laico)