Ele se chama Juan Carlos Parodi e na Argentina é um médico cirurgião muito famoso e tem grande prestígio profissional. Tem 72 anos e é ainda muito ativo, sobretudo nos congressos mundiais onde participa especialmente como inventor de uma técnica endovascular para operar os aneurismas da aorta abdominal. Em 1980 Parodi, depois de uma visita a um “humilde sacerdote muito doente” – Jorge Mario Bergoglio – tomou uma drástica decisão: operar imediatamente o seu paciente. Do contrário o padre tinha risco de morte.
No último 9 de abril, o Dr. Parodi estava em Londres e foi informado que poderia ser recebido pelo Papa Francisco, o seu ex-paciente. Falando com a “Rádio Confidencal”, Parodi contou como foi o encontro: “Fui imediatamente para Roma”. No Vaticano o médico falou com o Papa durante 40 minutos.
Recordando o fato de 1980, Juan Carlos Parodi conta: “Para mim foi uma surpresa. Em 1980, fui chamado por um outro médico que me falou de um paciente, um humilde sacerdote muito doente. Era um jesuíta que tinha feito os votos de pobreza, castidade e obediência e não tinha renda. Me pediu: ‘Pode ajudá-lo?’. Senti-me honrado. Naquela noite deixei tudo e fui encontrar o sacerdote (o padre Bergoglio tinha 44 anos). Estava verdadeiramente muito doente”.
Após 34 anos, o Dr Parodi prossegue sua história dizendo: “Sim, operei-o, mas não lembro muita coisa. Lembro que tudo tinha andado muito bem, que me presenteou um livro. Lembro que insistiu no querer me pagar. Disse naturalmente que não era o caso. Presenteou-me um livro com uma dedicatória. Depois soube que este padre humilde e muito doente era Bergoglio”.
“O encontro recente com o Papa foi uma das experiências mais belas da minha vida”, observa Parodi. “Não apenas me viu, o Santo Padre exclamou: ‘Te encontro igual a quando te vi naquela noite quando me sentia morrer. Você me salvou a vida… Sim, você salvou a minha vida quando eu tinha uma infecção na vesícula, que todos sabem que em muitos casos é letal. Sim, naquela mesma noite fui operado. Nunca esqueci o seu rosto. Do momento em que te vi me senti logo um pouco melhor’”. O Dr. Parodi, comovido e surpreso, acrescentou. “Agora o vi bem. A sua saúde me parece perfeita. Incrível, mas está bem, muito bem”.
O Dr. Parodi, no dia 19 de março de 2013, poucos dias após a eleição de Jorge Mario Bergoglio, publicou no jornal argentino esta breve carta: “Papa Francisco é um homem que será muito amado e fará um grande bem ao mundo inteiro. Foi meu paciente e anos atrás precisei operá-lo. A sua severa humildade é uma evidência da sua personalidade. Sem sustentar a exaltação da pobreza, penso que seja nosso dever ajudar os mais pobres e devemos também odiar a pobreza que arrasta à miséria e tira a possibilidade de viver dignamente. Trata-se mais ainda de criar riqueza e distribuí-la com equidade. A Igreja não deve ser rica e ostentar (riqueza), mas deve porém ter condições que permitam realizar e cumprir a sua missão no mundo de modo eficiente. Todos devemos nos alegrar de ter um homem bom e inteligente como novo Papa da nossa Igreja”