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África do Sul: contra a “escravidão do século XXI”

Mercy House in South Africa – pt

© Public Domain

Davide Maggiore - publicado em 30/05/14

Religiosos, leigos e assistentes sociais colaboram há dez anos na gestão da Mercy House, que acolhe as vítimas do tráfico de seres humanos: mulheres ainda ameaçadas por potentes organizações criminais

Para as escravas da era moderna, na África do Sul, a segregação nunca acabou e suas vidas de mulheres abusadas, presas e forçadas a trabalhar sem remuneração, ou prostituindo-se, é frequentemente um apartheid individual. Fornecer números oficiais é difícil, porque os casos vêm à luz somente quando algumas das vítimas conseguem escapar e delatar quem as capturou. A Cidade do Cabo, Durban e Joanesburgo são alguns dos principais locais africanos da “escravidão mais estendida do século XXI”, como o Papa Francisco definiu o tráfico de seres humanos.

Dão refúgio às mulheres vítimas destes crimes estruturas como a Mercy House, fundada há 15 anos no oeste do país, por iniciativa das irmãs irlandesas da Misericórdia, como abrigo para vítimas de violência doméstica. A casa, vista de fora, parece semelhante a muitos outras no distrito: nada pode aparentar externamente, explica uma das pessoas que colaboram com a estrutura, porque os riscos com a segurança das meninas são grandes.

Muitas máfias internacionais – entre as quais destacam-se a nigeriana, a do leste europeu e a chinesa – gerenciam o tráfico de mulheres provenientes de cada parte do mundo: de outras regiões do país, mas também de perto, Zimbábue, Congo e, em muitos casos, também da Tailândia. Elas chegam com a esperança de um emprego, talvez depois de ter respondido a anúncios de jornais, mas o trabalho – em restaurantes, cabeleireiros, hotéis, empresas de limpeza, mas também famílias – mesmo quando existe, é sem salário e sem direitos de nenhum tipo. Outras, no entanto, são diretamente forçadas a prostituir-se.

As organizações criminosas, depois de tirar o celular das meninas que chagem, impedem que elas possam avisar os pais. Os criminosos ameaçam as meninas de vingança sobre as famílias se elas tentarem escapar. Mas o perigo pode ser também o oposto: “Rezem para que não encontremos mais sua filha, ou ela será morta”, disseram em um telefonema alguns traficantes aos pais de uma das moças, que tinha fugido deles e os denunciou.

“Elas são reféns em vida, de algo que nunca termina". Muitos habitantes da região tentam ajudar fazendo chegar às meninas “alimentos, recursos ou qualquer coisa que possa melhorar ao menos um pouco a vida”. Mas tem uma outra coisa – continua a responsável de Mercy House –, que todos poderiam fazer: “difundir a consciência de que isto acontece, e que fere as nossas almas”. 

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