E uma guerra justa é um ato de amor
Fazemos hoje uma pausa na semana de trabalho por uma razão solene e terrível: para honrar o sacrifício dos homens e mulheres que morreram nas guerras do nosso país e rezar pelas suas almas, que são eternas.
Morrer em batalha, seja no caos e terror de uma trincheira da Primeira Guerra Mundial, seja à beira de uma estrada erma e desolada do Afeganistão, não é a escolha que faríamos para deixar este mundo. Cada um de nós espera partir em paz, num leito sereno, cercado pelos entes queridos, logo depois de confessar os seus pecados a um sacerdote de confiança. Mas centenas de milhares dos nossos concidadãos não tiveram esse privilégio e, desde 1776 até os nossos dias, derramam o seu sangue morrendo sozinhos em solo estrangeiro –por nós. Para podermos hoje comer churrasco em nossos quintais pacíficos e livres. Concedei-lhes, Senhor, o eterno descanso, e a luz perpétua brilhe sobre eles.
Já escrevemos sobre os erros do militarismo, a insensível, mas profundamente tentadora resposta à vida em um mundo perigoso. Poucas guerras que os cristãos lutaram nos últimos dois mil anos podem realmente ser qualificadas como "justas" ou foram travadas por reta preocupação com a vida dos civis. É importante lembrar, na próxima vez em que formos instados a enviar nossos soldados para "promover a democracia" ou derrubar um tirano em terra estrangeira, que a maioria das guerras injustas lutadas ao longo da história cristã foram travadas por pessoas com outras convicções: elas tinham ouvido os seus líderes e comprado a propaganda deles. Os dois lados na Primeira Guerra Mundial marcharam sob as bênçãos dos seus bispos. Milhões de soldados alemães marcharam para a guerra genocida de Hitler em 1939 acreditando sinceramente no slogan do seu exército: "Gott mit uns", "Deus está conosco".
A reação óbvia a fatos terríveis como este é abraçar o pacifismo radical. Tem a mesma lógica simplória do militarismo e oferece uma abertura mais sutil para a afirmação da vontade de poder. Se você não é o tipo de pessoa que dá tapinhas nas próprias costas enquanto afirma "Matem todos eles e que Deus separe quem prestava", o pacifismo lhe oferece um prazer mais exótico: o privilégio de olhar com o cenho franzido para os atos de cada homem e mulher na história humana e para os instintos de cada ser humano que já viveu sobre a terra. Porque não há nenhum impulso mais arraigadamente humano que o de preservar a si mesmo e aos entes queridos; um instinto, porém, que o pacifismo condena, aberta ou secretamente. Qualquer postura que espere que você assista passivamente ao seu cônjuge ou filhos serem estuprados, escravizados ou assassinados é intrinsecamente anti-humano. E os pacifistas incoerentes, que protegeriam a si mesmos e as suas famílias, mas não os seus vizinhos e concidadãos, são simples e radicalmente egoístas. O pacifismo também é sub-humanista quando desvaloriza a vida e a liberdade de cada ser humano, dizendo que simplesmente não vale a pena lutar por elas. O impulso salutar da autopreservação, por sua vez, também pode ser pervertido quando não temperado pelo altruísmo e limitado pelo senso do intrínseco valor moral do outro; nesse caso, ele se transforma num tumor, como o narcisismo coletivo das ideias de superioridade nacional ou racial.
Mas qualquer um que condena a autoproteção em si mesma está dizendo que a natureza humana é intrinsecamente perversa, fundamentalmente má, produto de um deus incompetente ou depravado, como os antigos gnósticos ensinavam, ou o resultado feio de uma evolução infeliz: “herdamos genes demais daqueles chimpanzés assassinos”. Quem condena a