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O amor verdadeiro existe mesmo?

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Juan Ávila Estrada - publicado em 11/06/14

Se todo ser humano tem um anseio tão profundo por ele, como poderia não existir?

Já me perguntaram inúmeras vezes se acredito na felicidade, mas, quando me perguntam isso, eu respondo com outra pergunta: “Você acredita no amor?”.

É que a felicidade e o amor estão intimamente relacionados: uma coisa não pode existir sem a outra. A felicidade deve existir; logo, deve existir o amor também, pois não é possível que desejemos tanto algo que, em última instância, não existe. Se fosse assim, nosso mais profundo anseio seria vão, e nossa meta última seria a frustração.

Então, eu acredito na felicidade, sim, e acredito no amor, mas só no momento em que consegui me desprender dos conceitos mundanos de felicidade é que pude compreender tudo isso.

Atualmente, não só acredito que ela é possível, mas que a encontrei, que sou um homem feliz, apesar das carências. Sou feliz sem ter tudo o que desejo, mas tudo o que sou faz de mim um homem feliz.

É que aprendi que a felicidade não tem nada a ver com meus estados emocionais; ela não depende de estar alegre ou em companhia de uma multidão; ela não significa ausência de carências, não é escravizada pelos efêmeros desejos do prazer ou do ter.

Descobri que a felicidade tem um nome, é uma pessoa, é um homem. Sim, um homem, o mais maravilhoso de todos os homens que já passou por este mundo, e que hoje não está, mas está, continua dando o que nunca esteve disposto a tirar nem condicionar a nada. Esse nome é o doce nome de Jesus, a quem descobri como o Cristo de Deus.

Percebi que esta felicidade não é sequer uma sucessão interminável de alegrias – algo que não é possível jamais na vida, pois ela nos ensina também por meio da dor e das tristezas que deixa.

Aprendi que a felicidade é o amor e que o amor é Deus, pois sua essência é esta, é isso que o constitui, que o faz ser o que é, e que Ele não pode, de forma alguma, voltar atrás no que disse, retificando no mudo o que um dia o levou a criá-lo para torna-lo partícipe disso que o faz ser o que é.

O que acontece é que talvez os anos e a experiência tenham tido a pedagogia paciente de mostrar-me que não poso chamar qualquer coisa de “amor” ou “felicidade”. Estes não estão associados a estados fisiológicos de ansiedade, expectativa, “frio no estômago” ou suor.

Só acredito no amor para sempre; aquele que não tira nem põe; que não troca ninguém por ninguém; que não se retrata; que é capaz de sobrepor-se à dor; que acredita contra toda esperança; que se doa gratuitamente; que não morre (mas que muitos deixam morrer); que não fica na pele, mas que entra fundo; que não tem como finalidade o sexo, mas o considera como uma das suas manifestações; que não se alimenta de um combustível de rápido consumo, como a paixão, mas de um de lenta combustão, como a entrega paciente. Este é o amor que aprendi de um Homem que me amou até entregar-se por mim.

Se eu acredito no amor? É por esta crença que sou padre!

Sou um padre pecador, mas amado pelo amor mais perfeito do universo desde seu surgimento do nada. A esse Amor-Pessoa eu quis servir todos os dias da minha vida desde que o conheci. Não sirvo somente ao Criador de tudo, mas ao Redentor por amor, ao feito Homem por amor, ao feito dor por amor, ao feito Menino por amor, ao feito Pão por amor, ao feito perdão por amor.

Acredito no amor! Claro que sim!!! E eu grito isso, estou disposto a gritar isso até os confins da terra, até ficar rouco, por amor a quem me amou e se entregou por mim, a quem me amou primeiro.

Fora dele, todo o resto é uma caricatura do amor, no máximo um arranhão do amor humano que, quanto mais tentamos preencher a vida com ele, mais vazia ela fica. É que, por outro lado, pesam demais as coisas, os objetos, para acreditar que deles depende a felicidade ou a possessão do amor. O amor é muito mais leve, porque o jugo de Jesus é assim: “Meu jugo é suave e minha carga, leve” (Mt 11, 25).

Da mesma maneira como o rio não descansa até fazer sua viagem ao mar e repousar nele, a alma humana não pode descansar enquanto não concluir sua viagem até Deus. Não se pode pretender viver a experiência do amor como se fôssemos um lago, um estanque, um poço. Tal estancamento, esse acreditar que somos fonte de nós mesmos ou que os outros encontrarão em nós a saciedade para sua própria sede só fará das nossas vidas um pântano ou água de oceano – que, quanto mais se bebe, mais sede se tem.

Hoje, sou testemunha do amor de Jesus, o Santo de Deus, aquele que me disse: “Felizes os pobres de espírito, porque dele é o Reino dos Céus” (Mt 5, 1).

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