Conferência dos bispos dos EUA anuncia subvenções para o desenvolvimento humano
Para a maioria dos católicos norte-americanos, a pobreza é uma abstração, um assunto que pode ser lido ou visto nas estatísticas, mas raramente uma experiência a ser vivida em primeira mão.
Como resultado, a nossa reflexão sobre as causas e efeitos da pobreza pode ser igualmente abstrata e tende a se alinhar com as nossas inclinações ideológicas ou partidárias.
Mas o papa Francisco nos diz que isto não é suficiente. "É impossível falar da pobreza abstrata. Isso não existe! A pobreza é a carne de Jesus pobre nesta criança com fome, nesta pessoa doente, nestas estruturas sociais injustas".
A verdade das situações individuais das pessoas em situação de pobreza sempre escapa às análises fáceis e aos remédios teóricos. "Amar a Deus e ao próximo não é abstrato, mas profundamente concreto", diz o papa. "Isto significa enxergar em cada pessoa o rosto do Senhor, para servi-lo concretamente".
E a verdade estatística sobre a pobreza nos Estados Unidos é esta: em 2012, cerca de 46,5 milhões de pessoas viviam abaixo da linha de pobreza federal, o índice mais alto desde que a pobreza começou a ser mapeada pelo US Census Bureau, o instituto de recenseamento dos EUA, há 54 anos. 13% por cento de todos os homens, 15% de todos os idosos, 16% de todas as mulheres e 22% de todas as crianças, ou uma em cada cinco, vivem na pobreza no país mais rico do mundo. Entre as famílias norte-americanas, 6% das chefiadas por pai e mãe casados estão na pobreza, mas o número sobe para 30% no caso das famílias chefiadas por mães solteiras. A pobreza é mais prevalente na área rural (17%) do que nas cidades (14%) do país.
Nas últimas quatro décadas, a resposta da Conferência dos Bispos Católicos dos Estados Unidos (USCCB, na sigla em inglês) à realidade concreta da pobreza tem sido a Campanha Católica pelo Desenvolvimento Humano (CCHD). A CCHD é financiada por uma campanha anual de angariação de donativos na maioria das dioceses, no domingo anterior ao Thanksgiving Day, assim como por doações privadas. A CCHD tem uma missão dupla: "Ajudar as pessoas de baixa renda a participar das decisões que afetam a sua vida, família e comunidade" e "proporcionar educação e promover o entendimento da pobreza e das suas causas profundas".
Três programas de subsídios são administrados pela CCHD.
Os subsídios para Desenvolvimento Comunitário focam na "educação, defesa, desenvolvimento de políticas e organização" e são disponibilizados para organizações locais cujos conselhos sejam formados por pelo menos 50% de membros de baixa renda. Igualmente, os beneficiários do trabalho da organização devem incluir ao menos 50% de pessoas de baixa renda. Essas ajudas variam de 25.000 a 75.000 dólares e são renováveis por até seis anos.
Os subsídios para Desenvolvimento Econômico são voltados a "empresas sociais, instituições financeiras alternativas, ativos comunitários e cooperativas de trabalhadores", além de outras instituições de desenvolvimento econômico. Os conselhos devem incluir 33% de membros de baixa renda. Os auxílios também variam de 25.000 a 75.000, mas são renováveis por apenas três anos e devem incluir uma contrapartida em valor igual ao da subvenção.
Finalmente, os subsídios para Programas Estratégicos Nacionais são concedidos a grandes organizações presentes em vários Estados e que trabalham em áreas como "reforma da justiça penal, reforma da imigração, justiça econômica, justiça ambiental, preservação de um círculo de proteção em torno dos pobres e vulneráveis, justiça racial e desenvolvimento econômico equitativo". Os subsídios podem chegar a 500.000 dólares e são renováveis por até cinco anos.