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Ocaso da liderança surda

Brazilian fan – pt

© PATRIK STOLLARZ / AFP

BRAZIL, Belo Horizonte : TOPSHOTS<br /> A fan of Brazil reacts during the semi-final football match between Brazil and Germany at The Mineirao Stadium in Belo Horizonte during the 2014 FIFA World Cup on July 8, 2014. AFP PHOTO / PATRIK STOLLARZ

Aleteia Vaticano - publicado em 10/07/14

O modelo de líder que busca aceitação consensual de sua equipe ou de seu projeto, que se julga dono da verdade e que se fecha ao mundo, está em declínio

Por Rosângela Florczak
Jornalista e professora

A derrota do Brasil na Copa de 2014 oferece lições que transcendem o mundo dos estádios e da indústria do futebol. Torna evidente o fim de um modelo de liderança que prevaleceu de forma hegemônica e marcou a Era Industrial e a modernidade nas mais diversas áreas da vida humana. O líder autoritário que defende seu grupo ou seu projeto de forma fechada e surda ao mundo que o cerca já não tem lugar na sociedade complexa, marcada pela conversação e por diálogos permanentes.

Na torre de babel comunicacional em que vivemos hoje, ouvir e dialogar se tornaram imperativos da liderança. O líder efetivo está atento ao mundo que o cerca e, a despeito de trabalhar para manter fortes os vínculos do grupo/equipe que representa e comanda, estabelece as conexões com a realidade e promove a interlocução do seu grupo com o mundo.

Não é efetivo e inteligente levantar os muros e separar a vida de um grupo ou de uma organização da realidade que a cerca. A comissão técnica da CBF (Confederação Brasileira de Futebol), que liderou o time brasileiro na Copa do Mundo, mostrou-se permanentemente surda à torcida, à intuição do povo e ao olhar aprofundado dos especialistas que alertavam para o desempenho de jogadores, para as estratégias questionáveis e para a imaturidade emocional.

A expressão dura do técnico e de toda a equipe nos momentos em que conversar com o mundo era obrigatório, como nas coletivas de imprensa, evidenciava que ouvir, falar, conversar, interagir eram obrigações protocolares, contratuais, e não sinais de abertura e interesse em ouvir. O desconforto e a agressividade chamavam a atenção e tomavam o lugar da alegria da conversa dialógica, do bom humor, da atenção e da gentileza recíproca.

O modelo de líder que busca aceitação consensual de sua equipe ou de seu projeto, que se julga dono da verdade e que se fecha ao mundo que o cerca, surdo e incapaz de dialogar, está em declínio vertiginoso e acaba sendo obrigado a ouvir as vaias.

No final das contas, mesmo com a triste derrota da Seleção Brasileira na Copa 2014, temos uma lição importante que fica para todos os líderes e organizações. Ouvir é imprescindível, falar é necessário. É preciso aprender a dialogar.

(ZH Blogs)

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