Aleteia logoAleteia logoAleteia
Quinta-feira 18 Abril |
Aleteia logo
Atualidade
separateurCreated with Sketch.

Jihadistas ordenam mutilação genital feminina no Iraque

<p>Mulheres em um acampamento para refugiados internos montado na cidade iraquiana de Aski Kalak</p>

Agências de Notícias - publicado em 24/07/14

Cerca de quatro milhões de meninas e mulheres podem ser afetadas pela medida

Os jihadistas do Estado Islâmico (EI) ordenaram que todas as mulheres com idades compreendidas entre 11 e 46 anos do Iraque sejam submetidas à mutilação genital, informou a ONU.

"É uma fatwa do EI, acabaram de nos informar sobre isso", declarou no Iraque Jacqueline Badcock, número dois da ONU no país, em uma videoconferência organizada em Genebra.

Badcock citou cifras do Fundo das Nações Unidas para a População, segundo as quais cerca de quatro milhões de meninas e mulheres podem ser afetadas pela medida.

As mutilações genitais não são comuns no Iraque, e se restringem mais a regiões isoladas.

O dia 6 de fevereiro, Dia Internacional de Tolerância Zero à Mutilação Genital Feminina, foi escolhido para denunciar esta prática que ainda existe em pelo menos 28 países de África e do Médio Oriente, como ainda na Ásia e em comunidades emigrantes na Europa, América do Norte e Austrália, segundo informa o site da Amnistia Internacional, que também explica do que se trata.

O que é a Mutilação Genital Feminina? 

A mutilação genital feminina (MGF) é uma prática em que uma parte ou a totalidade dos órgãos sexuais de mulheres e crianças são removidos. Há vários tipos, que por sua vez têm gravidadas diferentes. Segundo as várias tradições são removidos o clítoris ou os lábios vaginais. Uma das práticas de maior gravidade – chamada infibulação – consiste na costura dos lábios vaginais ou do clítoris, deixando uma abertura pequena para a urina e a menstruação. Aproximadamente 15% das mutilações em África são infibulações. A MGF é levada a cabo em várias idades, desde depois do nascimento até à primeira gravidez, tendo a maioria lugar entre os quatro e oito anos.

Como é praticada a MGF?

A MGF pode ser realizada em clínicas por médicos, mas mesmo desta maneira, com anestesia, trata-se de mutilação genital feminina. No entanto, a maioria dos casos são realizados por mulheres da comunidade em que vive a mulher ou criança, com instrumentos de corte inapropriados (faca, caco de vidro, ou navalha). Estes instrumentos são raramente esterilizados e anestesiados, podendo levar à transmissão da SIDA ou HIV, ou à morte. Em casos de infibulação, podem ser usados pontos ou espinhos para “manter” os lábios vaginais juntos, tendo as raparigas de ter as pernas atadas durante quarenta dias.

A MGF não é um costume inofensivo. Causa danos físicos e psicológicos irreversíveis, podendo ainda levar à morte de raparigas de todas as idades. Esta mutilação viola o direito da jovem a desenvolver-se psico-sexualmente de um modo saudável e natural. O que também deve ser considerado são os custos do tratamento contínuo devido às complicações físicas e psicológicas. A MGF é uma ofensa grave aos direitos humanos em geral, e aos direitos da mulher e criança, em especial.

Efeitos da MGF?

Os efeitos da MGF podem, como acima referido, levar à morte. Na maioria dos casos, os efeitos consistem em infeções crónicas, sangrar intermitentemente, abcessos e pequenos tumores benignos no nervo, causando desconforto e extrema dor. A infibulação pode ter efeitos mais duradouros e mais graves, incluindo: infeção crónica do trato urinário, pedras na vesícula e uretra, danos aos rins, infeções no trato reprodutor devido a obstruções do fluxo menstrual, infeções pélvicas, infertilidade, e tecido excessivo da cicatriz. Durante o parto, o tecido cicatrizado existente nas mulheres mutiladas pode romper. Mulheres infibuladas, que têm os lábios vaginais fechados, têm de ser cortadas para deixarem espaço para a criança nascer. Depois do parto, têm de voltar a ser “fechadas” para assegurar o prazer dos maridos.

Porque se faz MGF?

Muitas vezes são os pais que pagam ou iniciam a “prática”, para que as filhas possam casar com homens que não aceitariam mulheres não circuncisadas. Algumas culturas acreditam que os órgãos femininos são impuros e têm de ser purificados, e por isso erradicados. Esta prática permite que somente os homens possam desfrutar o prazer sexual. Também se pensa que a MGF melhora a fertilidade e desencoraja a promiscuidade sexual. No entanto, esta prática leva à frigidez das suas vítimas e os seus maridos evitam o relacionamento sexual com as suas esposas, procurando relacionamentos extraconjugais.
Manifestarem-se contra esta mutilação é extremamente difícil pois podem ser acusadas de se oporem às tradições ancestrais e aos valores familiares, tribais e religiosos, sendo mesmo acusadas de rejeitar o seu próprio povo e sua identidade cultural.

(Com AFP eAmnistia Internacional)

Tags:
Mundo
Top 10
Ver mais
Boletim
Receba Aleteia todo dia