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Conflito: precisamos de outra solução para sair desta loucura

peace between Israel and Palestine – pt

© Public Domain

La Nuova Bussola - publicado em 29/07/14

É preciso sair do ciclo de violência que mata muitos no Oriente Médio

Por Rodolfo Casadei

Quero comentar o enésimo episódio sanguinário do conflito entre palestinos e israelenses, conflito que segue adiante de diversas maneiras há 80 anos, iniciado nos tempos do mandato britânico sobre a Palestina. Conflito esse que não implantou ao longo dos tempos maior ou menor abertura uns com os outros, que passa pelos inocentes privados da esperança, que crêem na possibilidade de se resolverem dramáticos problemas políticos com os bons sentimentos. 

A primeira vez que ouvi falar de uma guerra entre judeus e árabes estávamos em 1967. Hoje passou-se quase meio século repleto de guerras entre Israel e Egito, terrorismo palestino internacional, intervenções israelenses no Líbano, operações contra Hamas e Gaza. Não teve uma fase da minha vida que não possa ser cronologicamente ligada aos trágicos eventos do conflito no Oriente Médio. Por isso, quando li no jornal, alguns dias atrás, sobre o ataque em Gaza, estremeci. O jornal citava uma pérola de sabedoria de Albert Einstein: “Insanidade é continuar a fazer a mesma coisa esperando um resultado diferente”. Um comentário que cabe perfeitamente àquilo que, desde 1948, acontece entre israelitas e palestinos. Dos atos político-militares deles, praticamente sempre os mesmos desde 66 anos atrás, os primeiros esperam a paz na segurança, os outros uma pátria livre. Nem um nem outro obtiveram até agora aquilo que ardentemente desejam, e continuam a mesma linha de ação há dez anos: manifestações violentas e práticas terroristas por uma parte, uso desproporcional da força armada por outra.

Os dois continentes aparecem presos a uma coação repetitiva, que naturalmente racionalizam e justificam de vários modos. O israelense dirá que sem se livrar do Hamas, que tem como objetivo a pura e simples destruição de Israel, não é possível nenhum séria negociação e acordo com os palestinos que aceitam a existência de Israel. O palestino dirá que o Hamas é o produto da intransigência israelense e da indisponibilidade sustancial dos judeus em permitir a existência de um Estado palestino, e que o Hamas desaparecerá no dia em que terminar a ocupação israelense. Qualquer pessoa que olhe o conflito de fora e o acompanhou desde o início, ou quase, é tentado a dizer que os israelenses encontram sempre um bom motivo para não proceder nos tratados que se concluíriam com o reconhecimento de um Estado palestino. Por outro lado, os palestinos encontram sempre um bom motivo para justificar os atos de violência contra Israel no seu complexo, incluindo civis. Por isso é suspeito que também quando afirmam que reconhecem o direito do outro a existir, na verdade os israelenses e palestinos gostariam que o outro não existisse, ou que existisse apenas de forma subordinada. Este pensamento é explícito na linha política dos extremistas, dos ultranacionalistas israelenses de uma parte, o Hamas e outros grupos jihadistas de outra. 

Após cada guerra de Gaza, o governo israelense e o Hamas, que juram um a destruição do outro, concluem um acordo entre eles que funciona durante alguns anos. Os fatos: Israel não pode esperar para limpar novamente Gaza de cada túnel e de cada míssil; o Hamas não pode esperar para desafiar as preponderantes forças adversárias. E também nenhum dos dois parece ter aprendido alguma lição deste estridente contraste entre a prática e os princípios. 

Para agir de maneira diferente é preciso pensar de maneira diferente. Se os atos militares de uma parte e de outra não levaram à paz na segurança para Israel, e o nascimento de uma pátria livre para a Palestina, é preciso tentar outras vias. A transformação da militância palestina em luta integralmente não violenta para os direitos e a transformação da desconfiança enraizada dos israelenses para com os palestinos em confiança sustentada por corajosas concessões territoriais e políticas não podem mais ser vistas como utopia, mas como tentativas alternativas às políticas conduzidas até agora. Obviamente somente líderes oficiais de uma e de outra parte em conflito podem pedir ao próprio povo que assuma os riscos desta transformação. Antes de propor estes novos percursos deveriam propor aos dois povos a revisão crítica da própria história, um exame de consciência aprofundado que não se deixa distrair por justas considerações ao redor dos próprios direitos e ao redor das injustiças, antigas e recentes, sofridas.

Para aqueles que dizem que muitas pessoas poderiam perder a vida, ou seus bens por causa da opção proposta de não violência palestina e as concessões israelenses, podemos responder que a via militar usada durante esses 66 anos não evitou a perda de vidas e vasta destruição. Não é um caso que a citação de Einstein tenha sido feita por palestinos nascidos e que vivem em Gaza, que ali perderam três filhas em 2009 durante a Operação Chumbo por causa de uma bomba israelense. Ao invés de vingar suas filhas, Abuelaish escolheu criar uma Fundação para a educação das meninas árabes intituladas em memória das filhas tragicamente mortas. Isso provando que uma maneira diferente de pensar e de agir é possível. 

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