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«O tempo dos mártires ainda não acabou»

Cardeal Saraiva Martins

Família Cristã

Cardeal Saraiva Martins fala à Família Cristã

Família Cristã - publicado em 01/08/14

No Iraque haverá muitos mártires, afirma o cardeal Saraiva Martins

O cardeal Saraiva Martins, prefeito emérito da Congregação para as Causas dos Santos, critica as Nações Unidas (ONU) por ainda não terem intervindo no Iraque, onde o partido islâmico ISIS procura estabelecer um califado e tem perseguido as minorias cristãs. Os cristãos estão a ser obrigados a pagar uma taxa mensal de 450 dólares, a converterem-se ao Islão ou a serem mortos, o que tem resultado na fuga dos cristãos da região com nada mais que a roupa no corpo. Os bens que deixam para trás estão a ser confiscados por este partido de forma irrevogável e ilegal.

Para o prelado, esta é uma situação que ultrapassa a questão religiosa. «É obrigação da ONU intervir no Iraque. Isto não é um problema cristão, é um problema humano. Entram aqui questões políticas e económicas, mas é inconcebível colocar essas questões à frente da vida humana, independentemente da fé de cada um», defende o cardeal.

Questionado pela Família Cristã sobre a possibilidade da Santa Sé poder intervir na situação diplomaticamente, o cardeal Saraiva Martins não fecha a porta a essa possibilidade. «A Santa Sé pode intervir diplomaticamente, através da sua nunciatura ou do embaixador junto da ONU, onde talvez possa ser mais eficaz», considerou.

Para este cardeal que durante muitos anos conduziu processos de beatificação e canonização no Vaticano, entre os quais alguns de mártires, «o tempo dos mártires ainda não acabou». «É triste ver como hoje, mais do que no tempo do início da Igreja, se mata tanta gente só porque são crentes. No Iraque haverá muitos mártires», sustentou.

Apesar da grave situação que se vive no Iraque, o assunto tem recebido pouco destaque por parte da comunicação social internacional. Os grandes meios têm dado preferência ao conflito em Israel, à destruição de templos no Iraque ou às denúncias de que o ISIS se preparava para obrigar as mulheres muçulmanas a passarem pelo processo de mutilação genital, dando pouco relevo ao facto de os cristãos estarem a ser obrigados a abandonar as suas casas ou a pagar um imposto pesadíssimo, sob pena de morte «pela espada».

Só nas redes sociais o assunto tem vindo a ser abordado, multiplicando-se o número de utilizadores que mudaram as suas fotos de perfil para uma imagem do mesmo símbolo com que as casas dos cristãos estão a ser marcadas em Mossul. Tem sido por aí o principal veículo de propagação das denúncias de massacres e de um autêntico êxodo de cristãos que está a suceder naquela região do mundo, um dos berços da humanidade, onde cristãos e muçulmanos têm convivido pacificamente durante séculos.

Ricardo Perna

Tags:
MártiresMundoPerseguição
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