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Esperamos o Papa Francisco na Coreia

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Corrado Paolucci - publicado em 02/08/14
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As palavras do Dom Lazzaro You Heung-sik, arcebispo de Daejeon, que acompanhará o Papa na viagem à Coreia do Sul
No dia 14 de agosto, o Papa Francisco vai ao extremo Oriente, seu destino será a Coreia do Sul.

Quem anunciou oficialmente a viagem foi o porta-voz da Santa Sé, Padre Federico Lombardi, dizendo que o Papa, “acolhendo o convite do presidente da República e dos bispos coreanos”, sai de Roma no dia 13 de agosto para estar na Coreia do Sul até dia 18 de agosto, por ocasião da VI Jornada da Juventude Asiática, que acontecerá na diocese de Daejeon.

O que o Papa encontrará “no extremo Oriente”? Perguntamos a Dom Lazzaro You Heung-sik, arcebispo de Daejeon, que acompanhará o Papa durante sua permanência na terra coreana.

Em uma recente entrevista concedida ao L’Osservatore Romano, o senhor citou uma frase do Papa Francisco na Evangelii Gaudium: “Quem anuncia o Evangelho não está indo a um funeral, deve ter um rosto alegre”. Qual é “o rosto” com o qual o senhor e o povo coreano vão acolher o Papa?

Pessoalmente gosto muito de sorrir, e quando não sorrio as pessoas que me conhecem, pensam que eu estou muito bravo. Para não aparentar que estou bravo, sorrio sempre! O rosto do cristão deveria ser um rosto sorridente. A maioria dos fiéis coreanos ama muito o Papa, o povo o espera de braços abertos! Recentemente fiz uma entrevista com os jornalistas em Seul sobre a Jornada da Juventude Asiática, e eles me perguntaram muitas coisas sobre o Papa. Fiquei comovido, muito feliz, porque espero e acredito que os fiéis católicos acolherão o Papa com o coração aberto, com rostos sorridentes. Posso dizer que quase todos os coreanos seguirão os passos do Papa na Coreia com muito interesse.

O Papa vai a Daejeon, um terço dos mártires coreanos nasceram naquela diocese.

A minha diocese foi sempre composta por gente do interior, ou seja, as pessoas foram sempre muito simples. Ressalto que o cristianismo entrou na região da minha diocese não tanto como ensinamento da Igreja, mas como testemunho de vida cotidiana das pessoas convertidas. Pessoas simples. Estamos falando do final do século XVIII, quando existia tanta divisão na sociedade: classes sociais diversas, jovens, anciãos, homens e mulheres.

E como acabaram as divisões?

Rezando juntos o Pai Nosso, muitas diversidades caíram e isto levou a uma verdadeira igualdade entre os fiéis. Este testemunho era extremamente revolucionário e levou a muitas conversões também durante as fortes perseguições, por 100 anos, até o final do século XIX.

Na Coréia do Sul existem muitas histórias de conversão e de mártires, muitas vezes pouco conhecidas no Ocidente, o senhor pode nos contar quais são as mais comoventes?

Por ocasião do grande encontro com o Papa serão proclamados alguns novos Beatos, filhos da nossa terra, assassinados entre 1791 e 1888, durante as perseguições contra os cristãos. Um deles é Won Sijang, batizado como Pedro, tinha um caráter muito forte, era rico. Quando recebeu o batismo se tornou um cordeiro, mudou radicalmente e através dele 30 familiares se converteram. Isto testemunha como na minha diocese o catolicismo no povo entrou como testemunho de vida segundo o Evangelho. Em Seul foi de outra forma, o catolicismo chegou como uma doutrina entre os intelectuais. 

O senhor pensa que o “modelo de fé” coreano pode ser um exemplo para outras realidades um pouco mais “hostis” como a China e a Coreia do Norte?

Não posso dizer que existirá o mesmo modelo de na China, mais ainda na Coreia do Norte, porque antes da guerra e da separação tínhamos a mesma experiência de perseguição, Norte e Sul juntos. Também existem muitas coisas que são diferentes entre as duas coreias. Isto, um dia, espero que leve muitos coreanos do Norte a se converterem e a cooperarem para o difícil processo de reunificação. 

Olhando sua história pessoal, qual é a origem da sua experiência de fé?

Quando eu era criança, meu pai faleceu na guerra, e minha mãe, com os irmãos e as irmãs mais velhas, viram que eu era um menino inteligente e me mandaram para a escola católica. Enviaram-me por dois motivos que não estão ligados à fé: a escola se encontrava perto da minha cidade e por causa de uma boa bolsa de estudo. Ali conheci Jesus e fui batizado quando tinha 16 anos. Conheci a figura de Santo André Kim, a sua vida era tão aventureira e forte que eu disse: “poderia ser um modelo para a minha vida”. Foi então quando decidi entrar no seminário maior. Desta forma fui o primeiro católico da minha família. Minha mãe no início não compreendia esta decisão pelo Seminário, sendo assim não comia, nem dormia e chorava muito. Eu disse a mim mesmo que o tempo a faria compreender e se não compreendia aqui na Terra, entenderia após a morte. Após um ano de Seminário quase todos os componentes da minha família se batizaram.

 

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