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Tailândia: o caso do bebê Down abandonado que escandalizou o mundo

THAILAND, Siriracha : Thai surrogate mother Pattaramon Chanbua (L) holds her baby Gammy, born with Down Syndrome, at the Samitivej hospital, Sriracha district in Chonburi province on August 4, 2014. The surrogate mother of a baby reportedly abandoned by his Australian parents in Thailand because he has Down Syndrome was a "saint" and "absolute hero", Australian Immigration Minister Scott Morrison said. AFP PHOTO / Nicolas ASFOURI

Aleteia Vaticano - publicado em 05/08/14

Um casal australiano “descartou” seu bebê nascido de uma barriga de aluguel, ao constatar que a criança tinha síndrome de Down
A notícia escandalizou o mundo inteiro: após ter "encomendado" uma criança por meio de uma barriga de aluguel na Tailândia, um casal abandonou seu bebê por ter síndrome de Down e "aceitou" sua irmã gêmea, que nasceu "normal".
 
A mãe de aluguel tailandesa mostra os "efeitos colaterais" da prática da barriga de aluguel. Esta história pode ser um convite a países como a França, que debate neste momento a legalização desta prática.
 
Esta é, antes de tudo, uma história de miséria, de dinheiro, de um contrato: como costuma acontecer nestes casos, um casal rico alugou, ilegalmente e com pleno conhecimento disso, o corpo de uma mulher pobre para criar um filho. Foram 1.600 dólares, o valor de uma mãe de aluguel no país.
                                                              
O resto teria sido banal, se não fosse sórdido: o casal pediu à mãe que abortasse um dos fetos, ao ficar sabendo que possuía trissomia 21.
 
A mãe de aluguel rejeitou o aborto
 
As convicções budistas da mãe de aluguel, Pattharamon Janbua, levaram-na a considerar que o aborto é um pecado; então, ela o rejeitou e levou a gravidez de gêmeos até o final. Mas, após o nascimento, os "clientes" levaram sua menina, deixando seu irmão Gammy com a mãe. Além da síndrome de Down, ele nasceu com graves problemas cardíacos.
 
Esta história miserável de dinheiro e egoísmo mostra até onde se pode chegar quando os seres humanos são transformados em mercadoria, e como uma eugenia quase sistemática acaba com as crianças que têm síndrome de Down.
 
Após a divulgação do caso pela imprensa, foi lançada uma campanha para permitir que a mãe tailandesa crie e eduque seu filho, junto a outros dois filhos que já possui. Em poucos dias, a campanha para ajudar o pequeno Gammy superou os 175 mil dólares em doações.
 
A exploração da miséria humana
 
Gammy, que agora tem 6 meses, está hospitalizado e é provável que sobreviva à sua má-formação cardíaca. Quanto a Pattharamon Janbua, que tem apenas 21 anos e vive a 90 km de Bangkok, ela aceitou ser mãe de aluguel para resolver os problemas financeiros da sua família.
 
"O dinheiro oferecido representava uma grande quantidade para mim – comentou à emissora ABC. O que eu queria, com esse dinheiro, era educar meus filhos e pagar minhas dívidas."
 
Mas, após esta triste história de separação dos gêmeos, ela quis enviar uma mensagem a outras vítimas do negócio da barriga de aluguel: "Eu gostaria de dizer às mulheres tailandesas: não sejam mães de aluguel! Não pensem somente no dinheiro… Se alguma coisa der errado, ninguém ajudará vocês e o bebê será marginalizado da sociedade".
 
O fato de explorar a miséria destas mulheres jovens para utilizá-las como mães de aluguel é algo comum. No último mês de janeiro, houve outro escândalo: 65 bebês concebidos por mães de aluguel para casais homossexuais não puderam sair do país, devido à falta de documentação em dia – após o abandono das mães que os haviam gestado.
 
Um jornalista LGBT havia criado um grupo no Facebook e divulgado a informação para pedir às autoridades que concedessem a cidadania israelense aos bebês concebidos ilegalmente.