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Papa Francisco, jesuíta, e sua antiga paixão pela Ásia

Vaticano: Papa iría a Corea del Sur en agosto – pt

AP Foto/Alessandra Tarantino

Terre D'America - publicado em 11/08/14

Desde jovem sacerdote sonhava em ser missionário no extremo Oriente: agora vai como Papa

Por Lucio Brunelli, diretor da TV2000

Se não fosse por aquele pulmão adoecido, o padre Jorge Mario Bergoglio não seria Papa, mas missionário na Ásia. Não foi apenas o chamada ao sacerdócio, mas antes seu primeiro desejo era de ir em missão para o Japão. Foi aquela infecção no pulmão que se colocou entre o jovem Bergoglio e a grande nação do Sol Nascente. Mesmo restabelecido, seus superiores não acharam adequado enviá-lo em missão, e Bergoglio apenas obedeceu. Mal podia imaginar, naquele tempo, que um dia, como Papa, poderia dar uma nova forma ao sonho de sua juventude.

O fascínio pelo Extremo Oriente se encontra no DNA dos jesuítas. Desde São Francisco Xavier, até Matteo Ricci, os primeiros discípulos da Companhia de Jesus foram logo lidar com aquela que muitos consideravam uma missão impossível: levar a novidade do cristianismo a uma civilização antiga que aparentava ser contrária a qualquer tipo de influência externa. A paixão por uma “periferia” geográfica e cultural que os jesuítas intuíam ser destinada a contar sempre mais no mundo inteiro. Povos que os olhavam com o mesmo olhar que São Paulo enfrentou em suas viagens aventureiras, fazendo-se “grego com os gregos, judeu com os judeus”, para conquistar novas almas para Cristo.

Conheça um pouco da missão de Matteo Ricci:

Os discípulos de Santo Inácio conseguiram chegar aonde outras ordens religiosas nunca tinham ousado, até o coração da cidade proibida, em Pequim. Aproveitando tudo, até mesmo o estudo da astronomia que fascinava o imperador chinês. Foram admirados e odiados, dezenas morreram mártires. Às vezes precisaram lutar também contra a rigidez da cúria romana. Aos novos convertidos não impunham como condições para abraçar a cristã a renúncia à prática do culto dos antepassados. Inicialmente, em 1656, o Santo Ofício deu razão aos jesuítas. Depois estabeleceram uma posição mais dura, e as sábias tentativas de “inculturação” promovidas pela Companhia de Jesus foram repudiada; a prática dos ritos chineses foi considerada “superstição” incompatível com a Doutrina Católica. As consequências sobre a ação missionária foram devastadoras. Somente três séculos depois, em 1939, por vontade de Pio XII, um decreto da Propaganda Fide reabilitou a aproximação dos jesuítas.

De fato, a Ásia permaneceu, entre os cinco continentes, o mais impermeável ao cristianismo. Mesmo assim os católicos, embora em crescimento com percentuais superiores à média europeia, não superam os 3% da inteira população asiática. População imensa: neste lado do mundo vivem 50% dos habitantes de todo o planeta.  

Se o jovem padre Bergoglio não pôde ir em missão por causa de um pulmão, foram também motivos de saúde que impediram Bento XVI de colocar os pés na Ásia, durante o seu pontificado. Vinte e quatro viagens apostólicas ao exterior, nas quais quatro intercontinentais (incluindo a Austrália, durante a JMJ), mas nenhuma vez na Ásia. Quando os seus colaboradores iniciaram a projetar uma visita, os problemas de pressão e de fuso desaconselharam uma viagem assim longa em um avião.

Agora é a vez de Francisco, ele fará a rota para o Oriente, permanecendo na Coreia do Sul, de 13 a 18 de agosto. Depois em janeiro de 2015, para o Sri Lanka e as Filipinas. Uma prioridade do seu pontificado: a Ásia. Algo distante, mas ainda no coração e na mente do Papa jesuíta é a grande China. Um pouco da Coreia Bergoglio conheceu em Buenos Aires. No início de fevereiro nomeou Han Lim Moon, sacerdote coreano que estava há 20 anos na Argentina, bispo auxiliar na pobre região de San Martin, onde trabalha o Padre Pepe, pároco na favela de Carcova, um dos sacerdotes prediletos do




Papa Francisco.

A Coreia não é apenas um dos tigres da economia asiática. É também um dos tigres da evangelização no continente, como bem lembra Vincenzo Faccioli Pintozzi no seu livro: “A missão do Papa Francisco na Coreia”. Os católicos têm crescido em um ritmo fenomenal nas últimas décadas, agora são 10% da população. Caso único e raro, o Evangelho no "País da Manhã Calma” não foi implantado pelos missionários estrangeiros, mas pelos leigos locais, convertidos e envolvidos até hoje, pela sugestiva oração de Matteo Ricci em Pequim.

A Coreia é um país ferido, dividido em dois Estados, terra das lógicas violentas e da guerra fria. Mas as feridas não são apenas geopolíticas. A disciplina confucionista e o espírito capitalista formaram na Coreia do Sul uma mistura incomum, combustível de uma economia que impôs as suas marcas de sucesso em todo o mundo, da Samsung à Hunday. O preço é frequentemente aquele de uma vida, toda ela esmagada no horizonte do trabalho. A pessoa em si quase anulada no altar da produção e do lucro. Eis aí o possível interesse para o cristianismo: não tanto a moda intelectual de uma “religião ocidental”, mas a possível experiência de um horizonte diferente no viver. Toda esta história, toda esta possibilidade levará consigo o missionário Francisco que, por causa de um pulmão doente, teve que por alguns anos a sua ida para a Ásia.

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