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Coreia: o cristianismo do Terceiro Milênio

Preparativi Papa Francesco in Corea – pt

© Public Domain

La Nuova Bussola - publicado em 13/08/14

O que espera o Papa Francisco em sua viagem ao Extremo Oriente?

Por Giorgio Bernardelli

Cinco dias na Coreia para falar a toda a Ásia. Região definida por João Paulo II como o continente do Terceiro Milênio. Cinco dias no país onde o cristianismo cresce com números recordes. Cinco dias também focados no modelo desafiador de um grupo de leigos que – há pouco mais de dois séculos – testemunharam a própria fé até o martírio e serão proclamados beatos. 

Com isso podemos resumir os traços da terceira viagem internacional do Papa Francisco, que começa hoje (13). Trata-se de um retorno importante para a geopolítica da China católica: desde a última viagem de João Paulo II à Índia – em 1999 -, um Papa não vai naquela direção. Além do mais, Bergoglio já anunciou que em poucos meses voltará ao Oriente para uma nova viagem apostólica que, em janeiro de 2015, o levará ao Sri Lanka e às Filipinas. Nestes dias na Coreia do Sul, o Papa Francisco encontrará não apenas os católicos coreanos, mas também milhares de jovens provenientes de todo o continente, reunidos em Daejeon para a VI Jornada da Juventude Asiática.

É uma aposta no futuro do catolicismo em um continente onde os cristãos ainda são um rebanho extremamente pequeno (apenas 3% da população). Aposta sobre o fato de que o Evangelho de Jesus pode ter algo de extremamente significativo a dizer em uma região do mundo que se tornou nos últimos anos uma encruzilhada importante da globalização, mas também muito empobrecida no seu patrimônio espiritual. Na história recente da Coreia do Sul é perceptível que o cristianismo se tornou em poucas décadas um fenômeno de massa: hoje em Seul os cristãos são 30% da população, enquanto que há 50 anos eram apenas 2%; os católicos são 5,5 milhões, mais ou menos 11% dos habitantes, e com crescimento no número de batismos.

Em Seul o Papa Francisco não vai apenas colher os frutos desta primavera extraordinária. No centro da viagem, o tema do martírio vai propor aos jovens de toda a Ásia, como exemplo atual, Paolo Yun Ji-chung e seus 123 companheiros, que ao fim dos anos 1.700, pagaram com a vida sua fé no Evangelho. Testemunho vivo nesses dias, não apenas num contexto geograficamente distante da Coreia como aqueles do Oriente Médio: o mesmo martírio é realidade cotidiana também no norte do 38° paralelo, em Pyongyang, ainda no topo quando falamos sobre perseguição dos cristãos. Sem esquecer a China, onde cidades continuam a ver as cruzes das Igrejas serem retiradas. 

A viagem destes dias será também o encontro do Papa com a Ásia das grandes metrópoles: dos 50 milhões de habitantes da Coreia do Sul, a metade se encontra na metrópole de Seul. Um contexto feito não somente de quarteirões “Gangman Style”, mas também de periferias existenciais, como define muito bem o Papa Francisco. Por isso a visita que o Papa fará no sábado será extremamente significativa, dia em que ele vai a Kottongnae, a cidade da caridade, na diocese de Cheongju. Nascida em 1976, por iniciativa do sacerdote, padre John Oh, que olhando um mendigo que cuidava daqueles que eram pobres como ele, teve a intuição de criar uma congregação local a serviço dos últimos. Assim, Kottongnae é um lugar capaz de hospedar até 5 mil pessoas entre sem-tetos, deficientes e alcoólatras.

O momento em Kottongnae será muito importante também para uma outra face das periferias da Ásia: na cidade da caridade, de fato, existe também um cemitério de crianças que foram abortadas, onde o Papa fará uma homenagem. Os católicos coreanos, muito ativos no testemunho pró-vida, fizeram ali uma estátua da Sagrada Família e cruzes brancas que rodeiam as pequenas vítimas do aborto, para recordar que também a atenção aos últimos começa no ventre materno. 

O último dia da viagem do Papa, segunda-feira 18 de agosto, terá como tema central a paz e a reconciliação. O Papa Francisco celebrará uma Missa com esta específica intenção na Catedral de Myeong-dong, em Seul. O olhar se voltará para tantos conflitos que ainda acontecem na região, e a corrida armamentista que vê as potências asiáticas acumularem um arsenal sempre mais maciço, trazendo uma interrogação e inquietude sobre o futuro.

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CristianismoJoão Paulo IIPapa Francisco
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