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Eleições 2014 no Brasil: há ética na política?

Eleições no Brasil

Marcelo Camargo/ABr

Lixo de propaganda eleitoral acumulado nas ruas de São Paulo nas Eleições municipais de 2012

Élison Santos - publicado em 13/08/14

O seu voto não diz quem mereceu vencer uma eleição, mas sim que tipo de pessoa você é

O que é certo e o que é errado? Desviar dinheiro público enquanto se faz boas obras é aceitável? Comprar o voto com favores é um ato “ético”? Vender o voto o seria? Votar em uma celebridade visivelmente incapaz de exercer o mandato político apenas por protesto seria um ato considerado “ético”? Diferentemente do que muitos pensam, a ética não é uma lista de normas que definem o que é correto, mas sim a capacidade de se questionar sobre o que é bom ou não. No momento em que uma nação se prepara para escolher seus governantes a Ética deve estar presente, não apenas na mente e na conduta dos candidatos, mas principalmente na mente e no comportamento de seus cidadãos.

A busca pelo poder é inerente ao homem. Desde os primórdios, em toda sociedade há aqueles que são escolhidos para exercer o comando. Nas comunidades primitivas, acreditava-se que os líderes eram escolhidos por força divina e em sua maioria representavam a figura paterna que seria capaz de proteger o povo contra todo o mal e tomar sábias decisões. Diante do processo de evolução as sociedades se distanciaram deste modelo, uma vez que cada cidadão percebe em si o poder de conduzir sua própria vida e proteger-se ele mesmo e sua família contra os males sociais, esperando apenas que os políticos exerçam a função de administrar a coisa pública, e assim se dá a democracia.

Quanto mais evoluído é um país, mais a democracia funciona. Quanto mais noção de liberdade e responsabilidade individual, menos necessidade de figuras paternas para exercer o poder. Quanto mais senso de civilidade, maior a capacidade do povo de construir códigos de valores e de vivê-los em respeito a si mesmos e aos seus concidadãos. Da mesma forma, o contrário também se faz verdadeiro. Quanto menos capaz de se responsabilizar, mais uma sociedade necessita de figuras paternas e mais o sistema político se distancia da possibilidade de ser uma perfeita democracia.

O voto é, antes de tudo, uma responsabilidade, é através dele que um povo revela sua capacidade de viver a democracia. Oferecer o voto a alguém que lhe ofereceu um favor representa ainda uma visão empobrecida do que pode ser a coisa pública, pois o candidato escolhido exercerá um cargo, uma função específica que lhe exigirá acima de tudo a capacidade de discernir sobre o bem comum, a capacidade de questionar-se sobre o que é bom e o que é errado. A bondade de alguém, quando se relaciona à política, não deverá ser medida por sua capacidade de fazer favores, mas ao contrário, por sua capacidade de realizar o bem comum.

Em uma sociedade primitiva, as pessoas estão sempre culpando seus líderes pelos infortúnios da vida, justamente porque quiseram, imaturamente, escolher uma figura paterna para assumir suas responsabilidades, é o que chamamos de paternalismo, o poder está nas mãos de quem em seu discurso oferece proteção. Há também aqueles que escolhem os mais poderosos para exercer o cargo político. Escolhe-se os mais endinheirados e abastados como se tivessem, através de suas fortunas, o direito já pré-estabelecido por alguma força divina de serem considerados líderes sociais, é o que chamamos de patrimonialismo.

O seu voto não diz quem mereceu vencer uma eleição, mas sim que tipo de pessoa você é, do tipo que é capaz de questionar-se sobre o que é certo ou errado, ou do tipo que não assume responsabilidades e quer sempre escolher um pai em quem possa colocar sempre a culpa sobre o que acontece. No final das contas, você decide em que país você quer viver!

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