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A culpa de um suicida pode ser atenuada pela depressão?

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Aleteia Vaticano - publicado em 15/08/14
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Será que um ato extremo, ditado pela angústia ou por distúrbios psicológicos, pode mesmo ser julgado como pecaminoso?
O suicídio é um ato irracional, mas que tem atenuantes quando existem certas patologias.
 
A Igreja não justifica o suicídio, mas admite que Deus, por meio de caminhos que só Ele conhece, pode acolher o arrependimento da pessoa que decide tirar a própria vida.
 
O Pe. Maurizio Faggioni, professor de Teologia Moral e de Bioética na Accademia Alfonsiana de Roma, cita o Catecismo da Igreja Católica, na seção dedicada aos Dez mandamentos (2280-2283), para tratar de um tema que neste momento está presente na mídia do mundo inteiro, após a morte do ator norte-americano Robin Williams.
 
Ato imoral de autodestruição
 
O Catecismo diz: “Cada qual é responsável perante Deus pela vida que Ele lhe deu, Deus é o senhor soberano da vida; devemos recebê-la com reconhecimento e preservá-la para sua honra e salvação das nossas almas. Nós somos administradores e não proprietários da vida que Deus nos confiou; não podemos dispor dela” (n. 2280).
 
Um gesto contra si mesmo e contra o próximo
 
Portanto, explica o teólogo moral, “não existe um suicídio racional, porque cada um precisa respeitar a própria vida e a dos outros. É absurdo que uma pessoa moral se afirme matando-se, porque a vida moral está feita de crescimento, projeto. O homem deve afirmar-se dessa forma, não eliminando a vida”.
 
Precisamente o Catecismo afirma que o suicídio “é gravemente contrário ao justo amor de si mesmo. Ofende igualmente o amor do próximo, porque quebra injustamente os laços de solidariedade com as sociedades familiar, nacional e humana, em relação às quais temos obrigações a cumprir. O suicídio é contrário ao amor do Deus vivo” (n. 2281).
 
Patologias e atenuantes
 
Mas a Igreja Católica também leva em consideração um ponto de vista mais subjetivo. “Na base deste gesto, pode estar a depressão, angústia, distúrbios psíquicos, que atenuam a responsabilidade – esclarece o Pe. Maurizio. Estas condições não nos permitem acusar o suicida de ter realizado um ato pecaminoso.”
 
A misericórdia de Deus
 
Aqui encontramos os dois pontos de vista, objetivo e subjetivo: “Não se deve desesperar da salvação eterna daquelas pessoas que tiraram a própria vida. Por caminhos que só Deus conhece, Ele pode ter dado a estas pessoas a oportunidade de um arrependimento salvador. A Igreja ora pelas pessoas que atentaram contra sua vida”.
 
Por isso, conclui o professor de teologia, “não se proíbe a sepultura das pessoas suicidas. A misericórdia de Deus pode alcançar também essas pessoas, mas somente por meio desses caminhos citados no Catecismo, caminhos que só Deus conhece”.

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