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Execução de jornalista: “segunda mensagem” para a América

Steven Sotloff before he was beheaded – pt

AP

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Clarissa Oliveira - publicado em 03/09/14

Decapitação de mais um jornalista americano pelo Estado Islâmico gera reação de líderes políticos e religiosos ao redor do mundo

Foi a “segunda mensagem para a América”: o vídeo do assassinato de Steve Sotloff foi publicado na internet pelo Estado Islâmico (EI) e mostra o assassino vestido de preto, com o rosto coberto e com o jornalista ao lado.

Steve Sotloff foi sequestrado no dia 14 de agosto perto de Aleppo, na Síria. Sotloff, 31 anos, falava árabe e colaborava como freelancer para Time e também Foreign Policy. No dia 19 de agosto, num vídeo publicado divulgando a morte de outro jornalista americano, James Foley, os jihadistas disseram que a próxima vítima seria Steve, caso os Estados Unidos não recuassem. 

No vídeo, o carrasco fala inglês, com um sotaque parecido com o da decapitação de Foley. O assassino falou diretamente ao presidente americano, Barack Obama: “Voltei, Obama, voltei por causa da sua arrogante política externa perante o Estado Islâmico. Porque os seus mísseis continuam a atingir o nosso povo, também a nossa faca continua a cortar o pescoço do seu povo”. 

O assassino especificou particularmente os ataques dos americanos contra o Estado Islâmico. Isso mostra que a execução do jornalista americano aconteceu recentemente. 

Governo americano

Uma recente execução de outro jornalista americano – Foley – com poucos dias de distância entre as duas, levou o Congresso de Washington a se expressar: “O vídeo demonstra que o Estado Islâmico é composto por bárbaros – afirmou Ed Royce, presidente da Comissão de Relações Exteriores –; a América e os aliados devem aumentar  os ataques militares contra eles”.

Para o governo Obama, o assassinato significa um desafio direto e impiedoso, por parte do grupo mais sanguinário dos jihadistas. O porta-voz da Casa Branca, Josh Earnest, disse: “os nossos pensamentos e as nossas orações vão antes de tudo para Sotloff, sua família e aqueles que trabalharam com ele, estamos considerando com grande atenção todas as informações que temos”. Também o porta-voz do Departamento de Estado, Jan Psaki, pronunciou algumas palavras: “se o vídeo for verdadeiro, estamos chocados com sua brutalidade”, também acrescentou que “alguns americanos” são ainda prisioneiros “do Estado Islâmico”. 

Obama

“Nosso objetivo é destruir o EI. Não nos deixaremos intimidar e faremos justiça”, disse o presidente americano Barack Obama diante das ameaças do Estado Islâmico. Após recordar a agonia que vive a família do jornalista, o presidente americano acrescentou: “o nosso objetivo é de desmantelar o Estado Islâmico, de modo que não seja uma ameaça para o Iraque, para o Oriente Médio e para os Estados Unidos” (Il Fatto Quotidiano, 3 de setembro). 

A família Sotloff

A mãe do jornalista tentou evitar a morte do filho publicando um vídeo onde suplicava “clemência” ao califa. E agora, diante da brutal execução, a família se mantém em silêncio: “temos conhecimento do horrível fim de Steven e enfrentamos o luto de maneira privada, não haverá comentários da nossa parte, neste momento difícil”, afirmou um porta-voz da família Sotloff. 

A revista Foreign Policy, para qual Steven trabalhava como freelancer, recordou-o como “um jornalista corajoso e de talento, do qual os escritos demonstravam uma grande atenção para com os civis aprisionados no meio de uma guerra brutal”. 

Reação da ONU

O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon disse estar “indignado” com a “brutal” decapitação do jornalista Steve Sotloff. “Todos estamos indignados diante das informações provenientes do Iraque sobre as terríveis mortes de civis pelo Estado Islâmico”, foram suas palavras durante um discurso feito na Universidade de Auckland, na Nova Zelândia.

A próxima ameaça 

No vídeo, os terroristas intimam o governo iraquiano, guiado pelo xiita Haider al Abadi, a colocar fim “a esta aliança malígna com a América contra o
Estado Islâmico”, e ameaçam matar outro refém, o britânico David Cawthorne Haines (nome indicado pelos próprios terroristas). Segundo a NBC News, David é um ex-soldado britânico que trabalhou para uma série de organizações humanitárias e foi sequestrado na Síria no início de 2013. A dirigente da organização civil “Nonviolent Peaceforce” afirmou que Haines trabalhava para eles em 2012, no Sul do Sudão, e quando foi sequestrado trabalhava na Síria para uma outra organização humanitária. “Haines é um ex-soldado britânico com grande conhecimento do local”, afirmou ainda Easthom, acrescentando que “deixou a vida militar e queria trabalhar para uma ONG” (Corriere della Sera, 2 de setembro).

O premier inglês David Cameron definiu o vídeo do assassinato do jornalista americano e a ameaça de morte ao britânico David como “desprezíveis”.

Apelo da Igreja

Os patriarcas católicos e ortodoxos do Oriente Médio, reunidos nestes dias em Bkerké, no Líbano, lançaram um apelo a todo o mundo para uma intervenção urgente contra a ameaça dos jihadistas do Estado Islâmico. 

O cardeal libanês Béchara Boutros Raï, patriarca maronita de Antioquia, respondeu a uma pergunta da Rádio Vaticana:

Como cristãos no Oriente Médio, o que vocês gostariam de dizer ao mundo?

"Aquilo que está acontecendo pelas mãos do Estado Islâmico e de outros grupos fundamentalistas nos leva à pré-história, ao tempo onde ainda não existia a lei. Ver o mundo inteiro observar em silêncio absoluto, quer dizer que estamos voltando à era da pré-história. Isto é um grande escândalo! Esta é uma chaga na humanidade. Fizemos este apelo para que a Comunidade Internacional, o mundo árabe e a União Europeia assumam a responsabilidade de colocar um fim a estes grupos fundamentalistas para salvar a dignidade da humanidade e salvar a paz no mundo. Estes grupos ameaçam o mundo inteiro porque são ricos, sustentados financeiramente e com todas as armas sofisticadas dadas pelos diferentes Estados. São uma ameaça enorme! Nós já falamos à consciência mundial e vamos repetir novamente”.

Autenticidade

Segundo a agência de notícias AFP, o vídeo da decapitação do jornalista Steven Sotloff é autêntico. Quem informou foi a Casa Branca nesta quarta-feira.

"Os serviços de inteligência dos Estados Unidos analisaram a recente divulgação de um vídeo que mostra o cidadão americano Steven Sotloff e chegaram à conclusão de que é autêntico", disse a porta-voz da Agência Nacional de Segurança, Caitlin Hayden.

Nas imagens divulgadas pelo EI, Sotloff fala com o olhar voltado para a câmera e afirma que é vítima da decisão do presidente Barack Obama de realizar ataques aéreos contra os jihadistas no Iraque.

O vídeo mostra um jihadista com o rosto encapuzado que corta o pescoço do jornalista.

No mês passado, outro jornalista americano, James Foley, foi executado da mesma forma.

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