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E eu achava que cuidar da casa era fácil…

Tired man with cleaning equipment – pt

© gpointstudio/SHUTTERSTOCK

Revista Ser Persona - publicado em 04/09/14

Divertido relato de um executivo que assume o papel de “dona de casa” durante duas semanas

Um belo dia, pouco depois do pedido de demissão da nossa doméstica, minha sogra convidou minha esposa para uma viagem de duas semanas, não sei com que intenções.

“Para que ela descanse!”, disse-me, endurecendo a voz e com um olhar desafiador.

Dando-me por aludido e com um sorriso irônico, respondi:

– Excelente! Cancelarei minhas importantes tarefas profissionais, tirarei umas férias coincidindo com a viagem e descansarei encarregando-me pessoalmente de que não se note a ausência da minha esposa, no relativo, a senhora sabe, a cuidar das crianças, cozinhar, limpar e todo o resto. Tudo isso fica por minha conta. Viajem tranquilas.

Minha nunca suficientemente bem ponderada sogra, levantando o queixo e uma sobrancelha, deu meia volta com um “Sei… Veremos!”.

Com minha ampla experiência em planejamento, tracei um perfeito plano de logística, como vocês sabem: prever, planejar, controlar etc. Tal plano incluía, como principal motivação, tempos de lazer para mim mesmo e para o meu cachorro, assistindo aos meus programas favoritos – ele com seus petiscos e eu com ótimas cervejas. E as crianças na escola.

No primeiro dia, meus filhos foram ao colégio e eu comecei tudo com muito dinamismo, com o objetivo de esperar minha esposa com uma série de recomendações para melhorar e simplificar suas tarefas – recomendações delicadas e sugestivas, mas, finalmente, evidências da minha capacidade e genialidade.

Com entusiasmo e de brincadeira, ao ficar sozinho, ensaiei meu discurso tendo meu cachorro como plateia; ele parecia concordar com tudo, latindo e balançando com alegria seu rabo.

Suspeito que minha esposa e minha sogra já sabiam. Mordi a isca e me lancei a realizar tarefas simultâneas muito diversas, para que tudo funcionasse: limpar a casa, lavar a louça, fazer compras, dar banho no cachorro, recolher seu cocô, levá-lo para passear, prepara o almoço, buscar as crianças na escola, ir à reunião escolar, receber as más notícias das notas, acalmar as brigas, revisar as tarefas escolares, pagar as contas etc.

Ao mesmo tempo, recordar que há roupa no varal quando vai chover, que remédios e a que horas as crianças tomam, fazer a lista de compras… Mas aí acabou o papel higiênico! Uma escova de dentes sumiu. Era preciso preparar o lanche das crianças, passar o uniforme escolar do dia seguinte. E um ralo entupiu! Nossa, nossa, que loucura!

Bem, fui parar no hospital. Diagnóstico: cansaço, neurose, estresse.

“Tire umas férias, você está precisando”, disse seriamente o médico, recitando-me um antidepressivo, enquanto eu tentava fazer cara de alto executivo em crise, sem dizer-lhe a verdade.

Este final de semana será o último da viagem e minha esposa chegará na segunda-feira. Não pretendo sair de casa. Ninguém vai tomar banho, trocar de roupa ou se pentear, nem eu vou fazer a barba.

A casa parece um campo de refugiados, mas, se meus filhos não se importam com isso, muito menos eu. E não interessa o que a minha sogra vai dizer; vamos pedir pizzas e dar as sobras para o cachorro. Aliás, faz três dias que ele não balança mais o rabo…

(Artigo de Alfonso Lira Ibarra, publicado originalmente pela revista Ser Persona)

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