Essa é a proposta de ex-presidente israelense Shimon Peres ao Papa Francisco
Uma ONU das religiões. Essa é a proposta que o ex-presidente israelense Shimon Peres fez ao Papa Francisco durante um encontro reservado no Vaticano. Quem anunciou a ideia foi o próprio Peres em uma entrevista concedida à Famiglia Cristiana (4 de setembro), onde explica por que fez o pedido a Bergoglio. “No passado, a maior parte das guerras eram motivadas pela ideia de nações. Hoje, as guerras começam sobretudo com a desculpa da religião”.
Um único líder respeitado
Neste contexto histórico está-se materializando uma condição única e provavelmente irrepetível. “Talvez pela primeira vez na história – afirma o Nobel da Paz de 1994 – o Santo Padre é um líder respeitado como tal, não apenas por tantas pessoas, mas também pelas mais diversas religiões e seus exponentes. Talvez o único líder verdadeiramente respeitado. Por isso me veio a ideia que propus ao Papa Francisco”.
Os limites da ONU
Hoje, prossegue Peres, confrontamos com centenas, talvez milhares de movimentos terroristas “que pretendem matar em nome de Deus”. “É uma nova guerra em relação àquelas do passado, seja nas técnicas, mas sobretudo nas motivações. Para nos opor a esta deriva, temos a ONU. É um organismo político, mas não tem nem os Exércitos que tinham as nações, nem a convicção que produzem as religiões”.
As palavras de Francisco
O líder israelense deu um exemplo prático para explicar os limites das Nações Unidas: “Quando a ONU manda para o Oriente Médio as tropas de paz, que vem das Ilhas Figi ou das Filipinas e estes são sequestrados pelos terroristas, o que pode fazer o secretário da ONU? Uma bela declaração. Que não tem nem a força nem a eficácia de qualquer homilia do Papa, que somente na Praça de São Pedro reúne meio milhão de pessoas”.
Contra os terroristas
Agora, com o fato de que a ONU chegou ao seu limite, o que serve é uma Organização das Religiões Unidas, uma ONU das religiões. “Seria a melhor maneira para confrontar estes terroristas que matam em nome da fé, porque a maioria das pessoas não é como eles, praticam sua religião sem matar ninguém, sem nem mesmo pensar em algo do gênero”.
Uma carta das religiões
Como acontece na ONU, segundo Peres, poderia haver também uma Carta das Religiões Unidas, um novo marco de princípios.
O que diz o porta-voz do Vaticano
Na manhã desta quinta-feira, 4, na sala de imprensa vaticana, o padre Federico Lombardi (diretor da sala de imprensa), disse que o Papa não tomou para si como compromisso pessoal as propostas de Peres. Relembrou que o Vaticano já possui dicastérios com competências e iniciativas a favor do diálogo com as religiões, a justiça e a paz.