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Papa Francisco encontrou na Albânia um catolicismo renascido

Madre Teresa di Calcutta – pt

© Dennis Jarvis/Flickr CC

Gelsomino Del Guercio - publicado em 22/09/14

A Albânia é pró-Ocidente, tolerante e não tem extremistas religiosos, mas há exceções

O governo e os serviços secretos albaneses tinham relatado à Interpol o temor pela segurança do Papa Francisco em Tirana (Albânia), onde estava nesse domingo, por causa de um grupo de kosovares – veteranos da guerra contra a Síria – que abraçaram a causa do fundamentalismo islâmico, indo e voltando do Iraque e da Síria, onde combateram nas linhas do EI.

A presença em território albanês de tantos extremistas, ligados ao autoproclamado Estado Islâmico, somou-se às preocupações dos serviços secretos, que acreditam que na mira do EI esteja também o Papa, representação máxima do Cristianismo.

Jihadistas e risco real

“Os jihadistas? A Albânia é pró-Ocidente, tolerante e não tem extremistas religiosos, mas a excessão poderia existir”, disse para Aleteia, Roberto Morozzo della Rocca, professor de História da Universidade Roma Tre, entre os maiores especialistas de história dos Balcãs. “Em Kosovo – afirma o professor – parece que cerca de 150 jovens tinham ido combater junto com o EI, e que 16 deles tinham perdido a vida. Falamos de um pequeno grupo que o governo de Pristina está monitorando”.

Muçulmanos ocidentais

Os albaneses também estão localizados em Kosoco e na Macedônia onde, diferentemente da Albânia, são quase todos muçulmanos. “Mas não se pode fazer a equação de que muçulmanos são sempre terroristas. Os muçulmanos albaneses vivem como os ocidentais, têm suas próprias habitações. As excessões estão por toda a parte”. A Igreja Católica, além disso, é vista como um elemento de ocidentalização, “mesmo se não for assim, por ser universal. É uma Igreja renascida há vinte anos, após o fim do regime ditatorial, reconstruiu-se nas suas estruturas e reencontrou uma porcentagem de fiéis que representam 10% da população”. 

Convivência interreligiosa

Na Albânia, os católicos representam uma minoria. 20% são cristãos ortodoxos, o restante muçulmanos sunitas ou pertencentes a sete mesquitas reconduzidas ao islamismo. “E ainda as relações entre as religiões – explica o historiador – não são conflitantes e isto é um fator relevante. O que une a nação é o sentimento patriótico”.

As duas mensagens de Francisco

Neste contexto, “a viagem do Papa é uma homenagem aos sofrimentos vividos pelos crentes em geral durante a ditadura, é uma homenagem ao martírio religioso vivido naquela terra. Em segundo lugar – prossegue o especialista em história dos Balcãs – é uma homenagem à convivência pacífica entre comunidades religiosas diferentes. A Albânia é um bom exemplo para tantos países europeus, onde as diferenças religiosas são marcadas de maneira não tão serenas”. 

A ovação para Wojtyla

Existe um precedente encorajador e que afasta espectros de violência e terrorismo. “Quero relembrar que João Paulo II, há vinte anos, foi acolhido com ovação na Albânia, também pelos muçulmanos, demonstrando que neste país – conclui – não existe hostilidade para com o cristianismo e o Ocidente, ao qual sentem de pertencer, apesar da longa história otomana”.

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