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Obama elogia o islã em discurso na ONU, mas condena o Exército Islâmico

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Pete Souza

Josh Craddock - publicado em 26/09/14

O Estado Islâmico "perverteu uma das grandes religiões do mundo", declarou o presidente dos EUA

Em discurso na Assembleia Geral das Nações Unidas, nesta semana, o presidente norte-americano Barack Obama falou longamente sobre as virtudes do islã e sobre a campanha dos Estados Unidos contra o grupo Estado Islâmico na Síria e no Iraque. Ele reafirmou também o apoio à criação de dois Estados como solução para o conflito entre Israel e Palestina.

O discurso foi recebido friamente pelos delegados das Nações Unidas, em nítido contraste com os aplaudidos discursos que Obama já tinha feito em Assembleias Gerais anteriores.

Depois de tocar brevemente em questões que iam desde o vírus ebola até a Ucrânia, o presidente dos EUA focou no tema do islã, observando que os terroristas do Estado Islâmico "perverteram uma das grandes religiões do mundo" ao abraçarem "a visão, própria de um pesadelo, de um mundo dividido entre adeptos e infiéis, e matarem tantos civis inocentes quanto possível".

Segundo o professor Bernard Lewis, especialista em estudos islâmicos na Universidade de Princeton, o islã ensina que o mundo está dividido em dois campos opostos: dar al-islam (o domínio do islã) e dar al-harb (o domínio da guerra). As escolas tradicionais de teologia islâmica ensinam que é dever da comunidade muçulmana (ummah) converter ou subjugar através da jihad aqueles que não aceitam o islã, até que o mundo inteiro esteja ou convertido ao islã ou sob a autoridade de um regime islâmico.

Rejeitando "qualquer sugestão de um choque de civilizações", Obama repetiu que "o islã ensina a paz. Os muçulmanos de todo o mundo aspiram a viver com dignidade e com sentido de justiça".

O presidente elogiou o islã como religião que combina "a fé devota com um mundo multicultural e moderno" e acrescentou, em tom de desculpa, que "todas as religiões, em algum momento, já foram atacadas por extremistas internos".

Barack Obama não mencionou a perseguição generalizada cometida pelos terroristas do Estado Islâmico (EI) na Síria e no Iraque contra os cristãos. Estima-se que 200 mil cristãos e membros de outras minorias religiosas tenham sido afetados pelo avanço do EI no Iraque. Muitos deles foram obrigados a fugir de casa ou intimados a "converter-se ou morrer".

Apesar dos recentes bombardeios a redutos do EI na Síria, Obama "reafirmou que os Estados Unidos não estão e nunca estarão em guerra contra o islã".

A Síria é o sétimo país de maioria muçulmana que o presidente norte-americano bombardeou desde que ganhou o Prêmio Nobel da Paz em 2009, depois do Afeganistão, do Iraque, do Paquistão, do Iêmen, da Somália e da Líbia.

Obama descarta, porém, o uso de tropas americanas em solo para combater o EI. Ele também descartou qualquer possibilidade de negociação com o grupo terrorista, declarando que "a única linguagem que assassinos como eles entendem é a linguagem da força".

No entanto, no início deste ano, o presidente dos EUA tinha negociado com os talibãs, no Afeganistão, a fim de libertar o sargento norte-americano Bowe Bergdahl, desertor do exército, em troca de cinco membros do Talibã que estavam presos em Guantánamo.

Durante o seu discurso na ONU, o presidente continuou a se referir aos terroristas na Síria e no Iraque usando a denominação "ISIL", sigla em inglês para "Estado Islâmico do Iraque e do Levante". Alguns comentaristas especularam que o uso do termo "Levante" valida uma visão amplamente difundida no Oriente Médio, que nega a existência legítima do Estado de Israel.

Entretanto, Obama declarou à Assembleia Geral que "o status quo na Cisjordânia e em Gaza não é sustentável" e reafirmou o seu apoio ao estabelecimento de dois Estados como uma solução para o conflito entre Israel e a Palestina. Ele criticou "muitos israelenses que estão prontos para abandonar o árduo trabalho de paz" devido à recente conflagração de mais violência na região.

Em 2012, o presidente também tinha passado boa parte do seu discurso na ONU elogiando o islã. Naquela ocasião, Obama disse à Assembleia Geral que o atentado que matou o embaixador Chris Stevens em Benghazi, na Líbia, tinha sido o resultado de um protesto espontâneo em resposta a um vídeo anti-islâmico veiculado no YouTube.

Mais tarde ficou demonstrado, porém, que o governo sabia, no momento do discurso do presidente, que o assassinato do embaixador se devia na verdade a um ataque terrorista premeditado e sem relação com o obscuro vídeo mencionado no discurso.

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