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Qual é o valor das revelações privadas de Jesus aos santos?

Maria Valtorta – pt

© Public Domain

Javier Ordovás - publicado em 15/10/14

Casos como o de Anne Catherine Emmerich e Maria Valtorta nos oferecem informações muito valiosas

A Igreja Católica define de forma muito clara (CIC 65, 66) que a revelação pública, oficial, está concluída e é a que vemos nos livros canônicos da Bíblia. Corresponde à fé cristã compreender gradualmente seu conteúdo.

Isso não impede que haja revelações privadas (CIC 67), que não melhoram nem completam a Revelação definitiva de Cristo, mas sim podem ajudar a vivê-la mais plenamente em uma determinada época histórica. Ou seja, pode haver livros inspirados, mas não canônicos.

O especialista François Michel Debroise nos dá uma informação muito completa sobre o tema.

Maria Valtorta, mística italiana falecida em 1961, foi um exemplo de alma extraordinária com vida extraordinária. Foi uma das 18 grandes místicas marianas. Aos 23 anos, um anarquista a espancou com uma barra de ferro, deixando-a com limitações físicas. Ficou 9 anos de cama. E uniu todas as suas dores à paixão de Jesus.

Seu confessor, ao ver a grandeza dessa alma, pediu-lhe que escrevesse sua biografia. Tudo isso aconteceu em plena guerra mundial. Depois de escrever sua biografia, de 1943 a 1950, ela começou a receber uma série de visões, que transcreveu em 17 volumes, entre eles sua obra mais conhecida e polêmica: “O Evangelho como me foi revelado”. Em 4.800 páginas, ela relata a vida de Cristo, dia a dia.

O leitor desta narração fica preso, porque a obra o introduz nas cenas da vida de Jesus como um espectador presente. É uma narração extraordinária do ponto de vista teológico, histórico e científico.

Citemos outros dois casos de revelações privadas:

María de Ágreda, mística espanhola (séc. XVII), teve visões sobre a vida de Nossa Senhora. Os desacordos entre seus diferentes confessores e a Inquisição da época fizeram-na destruir seus escritos originais, mas ela voltou a redigi-los 35 anos mais tarde, só que não mais ditando, e sim dependente de sua memória.

Anne Catherine Emmerich, mística alemã (séc. XIX), também teve uma visão completa da vida de Jesus, mas não a escreveu, e sim a ditou a um amigo poeta que, apaixonado pelo ditado, acabou introduzindo elementos próprios e interpretativos.

No caso de Maria Valtorta, foi ela quem escreveu diretamente, na hora, o que lhe era revelado.

Paulo VI apoiou a leitura da obra de Maria Valtorta, assim como o Padre Pio. A Madre Teresa de Calcutá era uma leitora assídua dos seus escritos. A celebração dos 50 anos da morte de Maria Valtorta foi acompanhado por altas personalidades da Igreja.

Considerando teologicamente, surpreende que uma mulher que recebeu apenas as pregações dominicais tenha transmitido conteúdos de tanta profundidade teológica e, claro, totalmente em sintonia com a doutrina da Igreja.

Do ponto de vista histórico, os biblistas se surpreendem com como uma pessoa que não teve estudos possa ter um conhecimento tão detalhado.

Do ponto de vista científico, são relatados inúmeros detalhes de fauna, flora, fatos, astronomia, tradições, gastronomia, geografia, topografia, que levaram o engenheiro e pesquisador Jean François Lavere a realizar, durante 25 anos, um repertório de 12 mil dados da obra confirmados cientificamente. Ou seja, os escritos oferecem contribuições muito interessante para a posterior pesquisa de historiadores e biblistas.

O texto da narração da vida de Cristo às vezes se intercala com textos de mensagens de Jesus a Maria Valtorta sobre temas muito diversificados.

Li a excelente versão francesa, há muitos anos, prescindindo mentalmente de que fosse ou não uma revelação (omitindo expressamente as frases de Jesus a Maria Valtorta), e foi como um filme da vida de Jesus que concordava perfeitamente com os quatro evangelistas que eu conhecia quase de memória.

Achei mesmo que este livro daria muito trabalho a arqueólogos e biblistas. Como diz o Catecismo, essas revelações privadas podem ajudar a viver mais plenamente a Revelação.

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