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Francisco aposta em transparência ao promover reformas, dizem analistas

<p>Papa Francisco comprimenta a multidão na Praça de São Pedro após a missa de beatificação de Paulo VI</p>

Agências de Notícias - publicado em 19/10/14

"O pontífice garante a unidade", disse Francisco após lembrar que "ninguém colocou em dúvida a indissolubilidade do matrimônio"

O papa Francisco, que encerrou neste domingo o Sínodo de Bispos sobre a Família, coloca em jogo o futuro de sua estratégia de abertura aos divorciados e aos homossexuais tentando manter o máximo de transparência, segundo os analistas.

A primeira assembleia de bispos de todo o mundo convocada pelo papa Francisco no Vaticano para debater os desafios da família moderna foi encerrada na noite de sábado após duas semanas de trabalhos com a aprovação de um complexo documento final.

O texto, que não obteve consenso de dois terços dos participantes em apenas três dos 62 temas que aborda, para vários especialistas representa um apoio às propostas de reforma defendidas por Francisco, já que todos os pontos, mesmo os mais controversos, conseguiram a maioria simples.

A decisão de Francisco de publicar toda a documentação, dos rascunhos às votações, foi considerada um gesto de transparência do Papa, que deseja que as igrejas do mundo acompanhem os debates de forma mais aprofundada.

Para o colunista do jornal Il Corriere della Sera, Gian Guido Vecchi, o Papa saiu vencedor.

"Vai seguir adiante. Foi decisiva a jogada de publicar todo o relatório e o fato de ter sido votado ponto a ponto. Isso nunca tinha acontecido na Igreja", comentou.

Passo importante para a Igreja

Para Antonio Spadaro, diretor da revista Civiltá Cattolicá – um dos "padres sinodais" que participaram dos debates -, a Igreja acaba de dar um passo importante.

"A maioria absoluta manifestou seu desejo de que sejam discutidos os grandes dilemas da vida do casal, mesmo que para alguns assuntos não tenha se chegado à maioria qualificada", disse.

"O diálogo sobre esses temas segue aberto", afirmou.

A vitória de Francisco foi ter conseguido fazer que as bases da Igreja abrissem este ano para debates sobre questões como a homossexualidade, o divórcio entre católicos, a convivência e até a poligamia, de acordo com vários observadores.

Temas delicados como a homossexualidade e os divorciados que voltam a se casar – abordados em três parágrafos do documento (52, 53 e 55) e que não chegaram a obter a maioria de dois terços necessária (123)-, continuarão a ser debatidos nas dioceses de todo o mundo.

Os bispos reconheceram que existem "elementos positivos nos casamentos civis e, com as devidas diferenças, nas convivências", algo novo para a Igreja.

"O Papa conseguiu abrir o sínodo para debates sobre assuntos que até agora eram tabus", considerou o vaticanista Marco Politi.

"Não foi uma derrota de Francisco, de forma alguma", afirma.

O colunista do jornal Fatto Quotidiano, autor de uma biografia de Francisco, considera, por outro lado, que os bispos deram "um basta" na questão da homossexualidade retirando do documento o princípio de que os homossexuais "têm dons e qualidades para oferecer à comunidade cristã".

O capítulo 55, sobre a atenção da Igreja aos casais homossexuais, foi o que recebeu mais votos contrários, 62 contra e 118 a favor.

Andrea Tornielli, do portal Vatican Insider, destacou o discurso do Papa após a votação quando disse aos bispos que tinham "um ano para amadurecer" e advertiu que "não se trata de uma disputa entre facções".

"O pontífice garante a unidade", disse Francisco após lembrar que "ninguém colocou em dúvida a indissolubilidade do matrimônio", acrescentou.

(AFP)

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