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O que é a Providência e como se concilia com o livre arbítrio?

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Toscana Oggi - publicado em 24/10/14
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Como age a Providência na vida de cada pessoa?
O que é a Divina Providência e como age na vida de cada pessoa? Como se concilia com o livre arbítrio?

Resposta do padre Athos Turchi, professor de filosofia:

Deus, tendo criado o mundo, não o abandona, mas cuida dele, sobretudo porque dentro dele habita o homem, do qual é Pai. Este “tomar conta” se chama Providência. O que quer dizer? Jesus explica com exemplos: “olhai as aves do céu: não semeiam nem colhem nem armazenam em celeiros (…) Vejam como crescem os lírios do campo. Eles não trabalham nem tecem (…), nem Salomão, em todo o seu esplendor, vestiu-se como um deles”, (Mt 6,25-34). O Pai “faz raiar o seu sol sobre maus e bons e derrama chuva sobre justos e injustos” (Mt 5,45).

Como uma mãe segue o filho e o provê de tudo aquilo que é necessário para que possa crescer ssaudável, educado, sábio, bom, da mesma forma é Deus. Até mesmo Jesus ressalta que o Pai faz isso não apenas para aqueles que o amam, mas também para aqueles que o odeiam, para que todos se sintam como seus filhos. Este cuidado, atenção, dedicação que Deus tem pelos homens é a Providência divina. 

Como se concilia com o livre arbítrio? Muito bem! De fato, uma mãe quando toma conta do filho não o obriga a se tornar um advogado ou músico, não o obriga a saber todo o conhecimento humano, não o obriga a chegar a dois metros de altura, mas oferece as qualidades que depois colocarão o filho em condições de escolher o melhor para si mesmo, e o sentido que, por si próprio, gostará de dar à vida.

O livre arbítrio é a capacidade que o homem tem de determinar aquilo que quer fazer e escolher o melhor modo para poder tê-lo. Esta qualidade do ser humano, ou seja, a liberdade, não é absolutamente tocada por Deus. É garantido que, como diz Jesus, um homem pode até escolher blasfemar, odiar, insultar Deus, mas o Pai faz surgir também sobre ele o “seu” sol. O livre arbítrio, a possibilidade de escolher o sentido da própria vida, é limitado pelas circunstâncias históricas e humanas. Já Deus faz de tudo para que o homem não caia nas correntes do pecado e nas garras do mal, que são as verdadeiras restrições ao livre arbítrio. E Deus tem sempre e rigorosamente aplicado esta sua não intervenção nas escolhas humanas.

Obviamente devemos supor que Deus sabe tudo e conhece todos os homens em tudo aquilo que fizeram, fazem e farão. Como age Deus na vida dos homens? Dito que cada um é livre para escolher como dar sentido a sua vida, e dito que Deus também sabe disso, em geral se pode responder que Deus não intervém sobre este “direito absoluto” da pessoa de fazer aquilo que quer: a autodeterminação está no homem por excelência da sua natureza, se eliminada, a pessoa é destruída.

Todavia, Deus às vezes intervém, quando escolhe uma tal pessoa para uma tarefa particular ou especial, como no caso de São Paulo, que teria sido um ótimo carrasco e perseguidor dos cristãos, e como tal queria ser. Porém, Deus o chamou para fazer dele seu apóstolo, modificando, de fato, os propósitos de Paulo. Às vezes é verdade que Deus se serve de homens para fazer o bem aos homens, e neste caso pode intervir nas escolhas pessoais. Pode-se dizer que Deus, da eternidade, tinha escolhido Paulo para fazê-lo apóstolo, e foi contra as intenções de Paulo que, para servir o mesmo Deus, pensava que era preciso destruir os cristãos.

Um choque entre duas vontades, mas quando Paulo entendeu que aquele que o obrigava a outra coisa era aquele Deus que queria servir, disse “em mim a graça não foi em vão” (1Cor 15,10). Muitas vezes nos homens se faz presente aquilo que Deus quer deles, e frequentemente é aquilo que os homens o pedem, mas Ele o faz de maneira e formas discretas, e por isso os homens prosseguem implacáveis em suas direções, nem sempre ideais. Que Deus saiba perfeitamente como as coisas andarão não altera as livres escolhas humanas, e isso é visível quando um homem decide ir contra Deus. E Deus, como uma mãe, nada pode fazer mesmo mostrando aonde conduzirá a atitude do filho.

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